SBGames aponta desafios da indústria brasileira de jogos

O Brasil tem talentos para desenvolver um bom jogo de qualidade internacional. É o que foi possível perceber durante entre os dias 08 a 10 do VII Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital (SBGames 2009) , que aconteceu na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

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Por Redação Link
Atualização:

O evento reuniu cerca de mil participantes – entre estudantes, pesquisadores e profissionais do setor. Lá foi possível discutir e conhecer as novidades e desafios da indústria de games brasileira, que reúne 46 empresas e possuí 580 profissionais.

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Para a coordenadora do simpósio, Maria das Graças Chagas, as produtoras internacionais perceberam o potencial do mercado brasileiro. O formato da SBGames impressionou os palestrantes e representantes de fora do Brasil. Confira a entrevista sobre o balanço do congresso e os próximos passos da indústria de games.

ENTREVISTAMaria das Graças Chagas, coordenadora geral do SBGames 2009, professora de graduação em design, e supervisora da habilitação em Mídia do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio

Qual é o balanço desta edição do SBGames? O evento já tem dados saltos grandes, nasceu como WJogos, em 2002, com 100 participantes e era um evento paralelo de um Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Hoje, o SBGames deu um salto e teve 970 participantes de todo o Brasil. Tornou-se o segundo maior congresso da SBC, só perde para o próprio congresso organizado pela SBC que envolve toda a instituição. Em termos de enfoques da indústria, tínhamos vários objetivos e conseguimos atingir bem. Primeiro era dar o salto nesta questão do profissionalismo do evento. Segundo, a gente queria assumidamente ampliar o espaço da indústria, pois não acreditamos o espaço da indústria e da academia separados, elas têm que existir juntos. Então, a ideia foi fomentar esse vínculo e essa profissionalização, com a parceria da Oi, permitiu que tornasse o festival mais profissional. A mostra de artes surgiu pela primeira vez em 2004, no ano passado não aconteceu e este ano voltamos com tudo com a exposição no Centro Cultural da PUC-Rio. Resumindo: essa questão da ampliação da indústria com o link à academia, mostra que o trabalho tem que ser profissional e isso foi muito positivo.

As indústrias estão tendo uma percepção maior do mercado brasileiro? Como é percebido isso? Eu conversei com todos os palestrantes ao longo da conferência. Eles são pessoas com nível internacional alto e se impressionaram com o formato do simpósio e vão levar isso para fora. Por exemplo, entre os grandes eventos patrocinados pela Sony, estão a Siggraaph, o maior evento computação gráfica e técnica interativa do mundo (que aconteceu nos Estados Unidos, em Nova Orleans), e o SBGames. Os palestrantes não imaginavam que o evento teria grande dimensão e eles são os nossos veículos com o mundo. Eles ficaram impressionados.

Congressos como este são o primeiro passo para acordar o “monstro” da indústria brasileira? O qual é o suporte que o governo está dando para a indústria de games? A indústria brasileira sofre muito com a pirataria, aí ela vai exportar. Na hora que ela exporta, não tem nenhum desconto, nenhum encargo. A indústria de games é como uma indústria de software, pois os gastos são voltados para recursos humanos. O fato do Ministério da Cultura estar envolvido com o evento é bom, pois o representante do ministério, Alfredo Malevi, já nos acompanha desde o início do projeto. Ele tem sido um interlocutor muito importante. O próximo passo, além dos programas de incentivo como o Jogos BR e outras iniciativas, é que tem que haver um movimento a partir da própria indústria. E a questão dos encargos deve ser discutida. Como não conseguimos absorver o pessoal aqui, pois os impostos e encargos são altos, os profissionais vão trabalhar no exterior e em mercados que competem com o nosso. Então temos brasileiros trabalhando com mercado que compete com brasileiro na exportação, e isso é uma coisa que tem que ser tocada: impostos, e em especial, encargos sociais.

Por Cido Coelho

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