Sensação única

Objetivamente, o iPhone 5 não é grande coisa. A diferença está no uso diário

PUBLICIDADE

Por Redação Link
Atualização:
O iPhone 5 recebeu aprovação da Anatel semana passada, mas sem conexão 4G. FOTO: Noah Berger/REUTERS – 21/09/2012 

Farhad Manjoo, da revista Slate

PUBLICIDADE

Quando a Apple apresentou o iPhone 5 no mês passado, muitos especialistas de tecnologia o acharam entediante. Eu fui um deles. Na realidade, estava tão entediado que comentei o tédio já em julho, por causa do seu novo sistema sem grandes novidades.

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+, no Tumblr e no Instagram

Porém, depois que segurei o iPhone 5 na mão por alguns minutos, escrevi que era “um aparelho realmente impressionante”, mas achei o novo conector irritante. Afirmei que a empresa deveria ter utilizado um conector universal.

Agora, quase um mês mais tarde, devo confessar: cometi um erro grosseiro. Tenho um iPhone 5 há uma semana e meia. Continuo chateado por causa do conector, mas admito que, frustrado com ele, acabei perdendo as estribeiras. Em todos os outros sentidos, o iPhone 5 é o melhor telefone que jamais apareceu na face da Terra. Ele bate todos os concorrentes em qualquer parâmetro, como velocidade, vida útil da bateria e beleza.

O iPhone 5 não parece um smartphone produzido em série. Estranhamente, não parece ter sido fabricado. Aliás, parece ter sido colocado na caixa já pronto. Ele é uma máquina singular, sólida e bem trabalhada.

Sempre apreciei a qualidade dos produtos da Apple, mas não consegui imaginar como seria possível um processo de fabricação melhor para o iPhone. Afinal, todos os outros iPhones foram construídos impecavelmente. Mas a única maneira de apreciar a solidez muito superior do iPhone 5 é no uso diário. Em comparação com o iPhone 5, todos os outros aparelhos parecem um produto barato.

Publicidade

Talvez não devesse falar da minha mudança de opinião. O iPhone 5 está no mercado há algumas semanas, portanto não faz sentido escrever sobre ele – dezenas de críticos e, mais importante, milhões de clientes estão usando o aparelho. A opinião de mais um jornalista especializado não contribui em nada.

Mas resolvi falar depois de ler o comentário de John Gruber, autor do blog Daring Fireball e um cronista obsessivo da Apple. Ele afirmou que os críticos de tecnologia como eu não estavam avaliando devidamente a sensação agradável de segurar o iPhone na mão. Ele escreveu: “Os especialistas da mídia e da área de tecnologia que se mostraram aborrecidos com o iPhone, seguramente têm noção da sensação agradável do aparelho, mas não da mesma forma que a Apple. A Apple pode falar com precisão em termos de micrômetros e da escolha dos 725 componentes mais adequados – idênticos a olho nu –, mas não há nenhuma referência, nenhuma especificação, que meça esta sensação. Pode-se apenas experimentá-la”.

Quando li isto pensei que não passava de uma besteira. Mas agora compreendo o que Gruber queria dizer. O iPhone é o testemunho de que a Apple tem fabricado produtos com uma qualidade talvez sem precedentes na história da produção em série. Mas a única maneira de saber o que isto significa é pegá-lo na mão e senti-lo, porque, olhando objetivamente, não parece uma coisa tão impressionante.

Se eu disser que a coisa mais extraordinária do iPhone 5 é a “sensação” que ele transmite, poderão me acusar de ser superficial e preocupado mais com a forma do que com a função. Entretanto, acho que este argumento menospreza algo importante. Quando você segura um aparelho o tempo todo, a sensação que ele transmite afeta a sua funcionalidade. Ou, como Steve Jobs poderia dizer, a sensação que ele transmite é a maneira como ele trabalha.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Todos os smartphones topo de linha fazem praticamente as mesmas coisas. A única razão para escolher este e não um outro é o gosto pessoal. A vantagem do iPhone é sua fabricação. Nenhum outro telefone chega perto.

Uma última coisa. Sei o que vocês estão pensando: E o Apple Maps? É uma pergunta justa. Como foi amplamente divulgado, o novo aplicativo da Apple deixa muito a desejar. Sem dúvida, não funciona mesmo. Mas não acho que seja um problema tão grande, embora use o Maps o tempo todo. É uma falha temporária. O Google está trabalhando num novo aplicativo de mapas para o iPhone, e quando for lançado, daqui a um ou dois meses, quase todos os problemas serão resolvidos.

“Quase todos” porque a Apple não permitirá que aplicativos de terceiros sejam usados como serviço padrão. Portanto, ao clicar num endereço, o telefone ainda abrirá o mapa da Apple. Será um inconveniente, mas não fatal. Se não estiverem dispostos a acreditar que a questão será resolvida, sugiro que esperem uns dois meses. O que eu não faria é comprar um telefone concorrente agora, somente por não gostar dos mapas da Apple. É um problema de software, e quase certamente será resolvido. Mas qualquer outro telefone que vocês comprarem agora terá um hardware inferior. E este é um problema permanente.

Publicidade

/ Tradução de Anna Capovilla

—-Leia mais:Link no papel – 15/10/2012

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.