Sexo.xxx

Entidade que regula a internet está considerando, pela terceira vez, criar o domínio ".xxx" para sites pornô

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Por Agências
Atualização:

Logo poderá ser mais fácil bloquear a pornografia na internet. A agência que regula os nomes dos domínios no mundo afirmou nesta sexta-feira que está considerando adicionar o domínio “.xxx” à lista de sufixos que as pessoas e empresas podem utilizar ao registrar um site.

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A agência — a Icann, na sigla em inglês — sem fins lucrativos, cuja sede fica na Califórnia, abriu caminho para criar uma “zona da luz vermelha” online, junto de outros domínios como “.com” e “.org”, finalmente acabando com uma batalha de uma década em formalmente assumir o conhecimento de que a internet é um lugar em que a pornografia prolifera.

Ao mesmo tempo que a criação do domínio .xxx poderia ajudar os pais a bloquear o acesso a esse tipo de site para os seus filhos, também forçaria os sites pornôs a usar o domínio. Os mais céticos, porém, acreditam que poucos sites de conteúdo adulto desistiriam de usar seus endereços .com já existentes.

Ainda assim, o passo tomado pelo Icann é visto como uma simbólica abertura de novos domínios na internet. O anúncio foi feito no mesmo dia em que a agência disse que começará oficialmente a aceitar endereços em caracteres chineses.

A decisão é uma vitória prematura da empresa norte-americana ICM Registry LLC, que entrou diversas vezes com o pedido para registrar e gerenciar os domínios .xxx.

A Icann já havia rejeitado o pedido três vezes desde 2000, parcialmente sob pressão de grupos de cristãos e governos receosos que o .xxx poderia aumentar a quantidade de pornografia na internet, disse um executivo da ICM, Stuart Lawley. Ele defende o domínio, em parte, como uma forma de proteger as crianças, argumentando que seria mais fácil bloquear sites com o final .xxx, já que seriam claramente relacionados à pornografia.

“As pessoas que buscam (pornografia) sabem onde encontrar, e pessoas que não veem (conteúdo adulto)  o que querem manter seus filhos longe poderiam usar mecanismos de bloqueio”, disse ele.

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O conselho do Icann, em reunião nesta sexta-feira em Bruxelas, na Bélgica, disse que não tratou justamente o pedido da ICM quando voltou atrás da decisão de reconhecer sites .xxx há três anos como um domínio representante da indústria pornô. O Icann agora está prometendo agir rapidamente, ao lado da empresa.

Peter Dengate Thrush, o presidente do conselho Icann disse que a decisão desta sexta-feira “não significa que o pedido para criar o domínio .xxx foi aprovado”. “Significa que estamos voltando a negociar com o requerente.” Ele estima que a aprovação completa poderia levar um ano, muito mais do que os “poucos meses” alegados pela ICM. O representante da agência minimizou as críticas de que a decisão criaria uma nova plataforma para a pornografia na internet.

“Nós não somos nenhuma empresa de conteúdo. O julgamento fica a cargo de cada governo nacional, advogados e pessoas qualificadas”, disse.

Ele também alertou que sites .xxx podem não ser necessariamente um sucesso, e que alguns dos domínios da internet falharam em atrair internautas. Alguns notam que a maioria dos sites pornôs prefeririam manter seus endereços .com, para permitir que seus sites sejam encontrados com mais facilidade.

“Se a pornografia vai continuar a poder ser usada em outros domínios, parece uma decisão seus efeitos”, disse Cathy Wing, da Media Awareness Network, uma ONG canadense que conscientiza pais e professores sobre o uso da internet.

Ela também disse que filtros são “facilmente quebrados” e não impediriam que as crianças acessem conteúdo pornô.

A pornografia é um mercado gigantesco: a indústria do entretenimento adulto movimenta por volta US$ 13 bilhões por ano, de acordo com a organização Adult Video News Media Network.

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Lawley, da ICM, imagina que o novo endereço poderia facilmente atrair pelo menos meio milhão de sites, principalmente se for usado depois do domínio “.mobi”, usado em sites para celular, que é o segundo maior domínio patrocinado. Ele espera ter uma receita de US$ 30 milhões por ano com as vendas de sites .xxx por US$ 60 cada e alega que fará uma doação de US$ 10 de cada venda para entidades de defesa dos direitos da criança, por meio de uma ONG que ele próprio criou.

Em comparação, um endereço .com custa apenas US$ 7, mas o Icann vende 80 milhões de domínios por ano.

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Já existem 112 mil reservas pelos sites .xxx, disse Lawley. Depois que a decisão do Icann desta sexta-feira atraiu a atenção, foram mais 2 mil pedidos de reservas. A empresa poderia colocar o domínio em funcionamento de seis a nove meses depois de uma futura aprovação pelo Icann, ele afirma.

Loic Damilaville, vice-diretor e porta-voz da associação que regula os sites .fr na França, disse que o debate sobre a moralidade entre grupos de defesa da família e empresas pornô têm sido mais um problema dos Estados Unidos.

“É mais um debate simbólico: o espaço da pornografia deve ser permitido na internet”, disse Damilaville, que participou da reunião do Icann em Bruxelas.

O que está em jogo realmente, disse ele, é o estabelecimento de regras para definir como os domínios na internet serão criados no futuro e quanto os governos podem influenciar neste processo. A criação de novos domínios, em si, é uma coisa boa para a liberdade de expressão na internet, afirmou.

(AP)

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