Sinais de bolha

De janeiro a abril, startups receberam mais de US$ 5 bilhões em investimentos

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Por Agências
Atualização:

A perspectiva de se descobrir um novo Facebook, Groupon ou Twitter está impulsionando a maior corrida de capital de risco por empresas de internet iniciantes desde o primeiro boom do setor, que chegou ao ápice e despencou mais de uma década atrás.

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Nos primeiros quatro meses do ano, mais de US$ 5 bilhões em capital para investimento em empresas novatas fluíram para companhias de todo o mundo, de acordo com dados da Thomson Reuters Deals Intelligence.

Ainda que pequena se comparada aos anos do boom, a quantia coloca 2011 no caminho para se tornar o ano mais movimentado em termos de investimento inicial desde 2000, quando mais de US$ 55 bilhões foram canalizados para companhias de tecnologia nascentes.

O mais recente frenesi traz algumas das características da mania de internet passada: otimismo sobre empresas “conceituais” que ainda não lançaram sites e uma intensa competição entre investidores interessados em fazer apostas em áreas tidas como mais quentes, como o segmento de mídia social, hoje definido por empresas como Facebook e LinkedIn.

Empresários como Clara Shih, presidente-executiva da Hearsay, uma produtora de software especializado de São Francisco, desfrutam de mais influência junto aos investidores do que no boom passado, e acreditam ter liberdade de escolher entre potenciais parceiros. Shih diz já ter levantado US$ 3 milhões em capital, aproveitando ofertas que bateram à sua porta.

“Para ser honesta, não estávamos pensando em aportes de capital, mas isso meio que caiu no nosso colo agora e por isso estamos abertos à ideia”, disse Shih em entrevista à Reuters Insider.

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O comportamento de rebanho entre os investidores gerou rumores sobre a formação de uma nova bolha da internet, especialmente agora que os analistas estão encontrando valores de US$ 70 bilhões para o Facebook e US$ 15 bilhõespara o Groupon, nas estimativas usadas em transações privadas de investimento.

“Ouvi muitos executivos de venture capital dizendo que não há bolha”, disse Dana Stalder, do grupo de investimentos Matrix Partners. “Mas quando as avaliações de valor de mercado de uma mesma empresa, comandada pela mesma equipe, dobram em 12 meses, a sensação para mim é de bolha”, disse.

Mas outras características do movimento atual o separam do boom que terminou em colapso 10 anos atrás.

Os investires de venture capital dizem que mais empresas iniciantes atualmente são lucrativas ou têm um caminho claro de lucratividade com o advento da computação em nuvem, que ajuda a reduzir dramaticamente custos operacionais em relação à década passada.

Além disso, a publicidade online e o comércio eletrônico, na infância 10 anos atrás, amadureceram e assumiram formas aceitáveis e confiáveis de receita.

Sem falar do interesse de abertura rápida de capital via oferta de ações, que desacelerou em meio a uma série de novas regulamentações e do crescimento de fontes alternativas de financiamento que incentivam adiamento de IPOs.

E um dos fatores mais distintos do atual boom é que a web se tornou global.

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Nos três anos que marcaram o auge do boom passado, 1999 a 2001, a indústria de venture capital injetou US$ 96,4 bilhões em empresas iniciantes de internet, dos quais quase US$ 78 bilhões apenas nos Estados Unidos, segundo dados da Thomson Reuters.

Enquanto isso, atualmente dos mais de US$ 5 bilhões em recursos de venture capital investidos até agora neste ano, apenas US$ 1,4 bilhão foi disponibilizado a empresas iniciantes dos EUA.

Mas apesar da tendência atual das empresas iniciantes terem interesse em se manterem privadas por mais tempo, a safra de IPOs segue cheia de companhias de internet.

Até agora em 2011, 16 empresas de web encaminharam pedidos de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) a autoridades dos EUA, buscando levantar quase US$ 4,1 bilhões, segundo dados da Thomson Reuters. Esse volume já superar valores totais de todos os anos com exceção de 1999, quando 52 empresas fizeram pedidos para levantar US$ 4,2 bilhões em IPOs.

/ REUTERS

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