Sites de revenda de ingressos de espetáculos oferecem oportunidades

Serviços como Ticketbis e Comprei e Não Vou ajudam consumidores a se livrar de entradas ‘encalhadas’ ou encontrarem ingressos esgotados

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Por Bruno Capelas
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SÃO PAULO – Passou meses esperando por aquele show do seu artista favorito, mas seu irmão ficou doente e você vai ter que deixar o show de lado para cuidar dele? Ou descobriu só agora que a banda do momento está vindo para o Brasil mas os ingressos já estão esgotados? Calma, não precisa arrancar os cabelos: é para isso que existem os sites de revendas de ingressos, muito úteis na hora de tentar reaver o prejuízo, descolar uma entrada mais barata ou até mesmo achar o lugar certo para aquele espetáculo.

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É uma ideia que já existe há algum tempo no exterior, com serviços como Seatwave e Get Me In, e que aos poucos começa a ganhar força aqui no Brasil. Além de diversos grupos no Facebook destinados a eventos específicos, os dois serviços mais populares por aqui são os sites Comprei e Não Vou e Ticketbis.

Vendo, troco, compro… O funcionamento de ambos é bastante similar, pelo menos no início: o vendedor do ingresso faz um cadastro e oferece sua entrada pelo preço que achar conveniente (acima ou abaixo do que pagou) para um determinado show. Quem quiser comprar pode fazer uma busca no site e ir atrás do espetáculo a seu gosto, tentando encontrar as melhores ofertas —como em qualquer outro site de comércio eletrônico.

Mas as semelhanças param por aí: no Comprei e Não Vou, vendedor e comprador são responsáveis por se encontrar e efetuar a transação do ingresso, e o site disponibiliza página no Facebook e telefones de contato do comprador para quem estiver interessado. Já no Ticketbis, o vendedor tem de mandar sua entrada pelo correio para o comprador, enviar o comprovante de envio para o site e, apenas sete dias após o evento é que ele recebe o dinheiro se não houver nenhum problema com o ingresso.

Outra diferença é que o Comprei e Não Vou não pede taxas de participação sobre a negociação — “queremos facilitar o serviço da mesma forma que um site de anúncios ou classificados em um jornal”, diz a empresa em seu site — enquanto o Ticketbis cobra uma comissão de 38% sobre o serviço, a ser cobrada do comprador do ingresso. Traduzindo: se um vendedor tiver a intenção de cobrar R$ 100 pela entrada, o comprador pagará R$ 138 por ela.

É legal? Mesmo sendo uma ideia bem interessante, o conceito de revenda de ingressos esbarra em algumas questões legais, conta a advogada especializada em direito do consumidor Gisele Friso Gaspar. “Todo ingresso é um contrato com uma empresa que produz espetáculos, e muitas vezes, nesse contrato há cláusulas que impedem a revenda dos ingressos”, explica ela.

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É o que diz a Time for Fun, que organiza nos próximos dias o Lollapalooza, festival de música na cidade de São Paulo. “O único canal de vendas oficial dos nossos ingressos na internet é o site da Tickets for Fun, e recomendamos ao público que só utilize esse canal”, diz a empresa. Vale dizer que a conduta é reforçada pela Comprei e Não Vou em sua página de dúvidas: “Antes de comprar, verifique junto à empresa oficial de venda de ingressos para o evento em questão se ainda existem ingressos à venda. Se existirem, dê prioridade a eles”.

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A advogada ainda explica que, caso o consumidor adquira um ingresso falsificado ou com problemas em uma das plataformas online, as empresas em questão poderão ser acionadas na justiça, mesmo mencionando em seus termos de uso que se isentam da responsabilidade. “Na minha visão, se o site obtem lucro direto ou indireto com a intermediação da venda do ingresso, ele pode vir a ser acionado na Justiça pelo consumidor lesado”, avalia Gisele.

Outro problema legal que pode acontecer com a revenda de ingressos é o cambismo, que pode acontecer se o valor cobrado pela entrada no site for maior do que o no local oficial. “É uma prática que configura crime contra a economia popular, sempre que alguém tenta ter lucro em cima do preço de um ingresso. Agora, se o ingresso for vendido pelo preço de custo ou mais barato, não há problema algum”, explica ela, que ainda recomenda a compradores prestarem atenção em benefícios como meia-entrada, que não são extensíveis. “Só um estudante pode comprar um ingresso vendido para estudantes, por exemplo”, diz Gisele.

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