Software vai ganhar as pessoas pela internet""

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Por Rodrigo Martins
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Responsável mundial pela área de software livre do Google, Chris DiBona é ativista da causa. Ativista, mas realista. Em entrevista ao Link durante o Fisl, ele assume que o software proprietário vai continuar por muito tempo. “O Windows é uma barreira. Acredito que as pessoas continuarão a usá-lo”. Só que, ao mesmo tempo, ele também acredita que os programas de código aberto irão entrar no computador das pessoas por meio da de aplicativos nos navegadores de internet.

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Google é uma empresa na internet. Qual é a importância do código aberto? A internet é em código aberto, o que é muito importante para o Google. Se só houver uma janela, é ruim. Se apenas uma pessoa controlar a internet, não teríamos Google, Yahoo, nada. Uma internet livre, como ela é e compatível com sistemas operacionais de todas as formas, é bom para todos, porque deixa a internet competitiva. Mas temos de trabalhar juntos para termos padrões comuns. Todos precisam estar juntos, mas precisam competir.

Tudo o que o Google produz está em código aberto? Não. Nós lançamos o Android, o navegador Chrome, alguns aplicativos em código aberto, mas não mais do que isso. Não abrimos o código do Gmail, do buscador Google. As prioridades para escolher o que será em código aberto ou não dependem das prioridades de quem está desenvolvendo os projetos. Colocamos o código aberto quanto há muita competição na área do software para ser mais eficiente e mais aberto. Nos últimos anos,por exemplo, iPhone, Android, muitos softwares para celulares começaram a competir.

Por que é importante um software como o Android ser de código aberto? Se você olhar para o mercado antes, era 80% da Nokia, 20 % da Microsoft, e uma pequena participação de outros fabricantes. Agora, temos 65% da Nokia, 20% Windows e há espaço para iPhone e Android. Uma das razões que quisemos que o Android fosse livre era fazer dele uma opção. E as empresas não precisam de permissão para usá-lo, eles têm o telefone e colocam se quiserem. E muitos dos que estão trabalhando com a gente no desenvolvimento fazem um ótimo trabalho.

E o Chrome, por que ele é em código aberto? Focamos em velocidade no Chrome. O Firefox já era ótimo. Queríamos velocidade e aplicações, queríamos que você pudesse usar várias aplicações ao mesmo tempo, e acreditamos que com o código aberto podemos desenvolvê-lo mais rapidamente e melhor. Uma das coisa que está fazendo o Internet Explorer, da Microsoft, diminuir a sua participação é que outros navegadores estão avançando: o Chrome está avançando. O Firefox está avançando. O Safari está avançando. Eles querem competir. Temos o software de código aberto ajudando na competição. Antigamente, tínhamos só o Internet Explorer. Agora, temos o Firefox, o Chrome, o Safari.

Como você vê os aplicativos de código aberto rodando no navegador, como a possibilidade de termos um editor de textos, de imagens, etc.? Acho muito interessantes. Cada vez mais há pessoas desenvolvendo aplicativos que rodam diretamente do navegador. E os navegadores livres se abriram para isso. E elas podem colaborar, fazer o software melhor.

Como você vê o futuro do software livre? Acho que é algo que já chegou. Ninguém por anos pensou em desenvolver sistemas operacionais depois do Windows. Em alguns anos, por conta da sua popularidade, o Windows continuará a ficar. Mas já há iniciativas para o celular, como o Android. No desktop é mais difícil. O Windows é uma barreira. Acredito que as pessoas irão continuar a usá-lo e o software livre vai chegar às pessoas pela internet, em aplicações para o navegador.

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