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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|Sonho que em 2023 a esquerda passe a gostar de empreendedores

Pela primeira vez, o ocupante do Planalto não será reeleito e isso já é uma boa notícia - isso nos permite sonhar com 2023

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Esquerda precisa aprender a gostar de empresas Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 13/9/2021

O Brasil nunca elegeu um extremista para a presidência — até que aconteceu, em 2018. A não ser que algo de muito improvável ocorra, pela primeira vez desde o início da reeleição o ocupante do terceiro andar do Planalto não ganhará um segundo mandato. Não importa o vencedor, por si só já é uma boa notícia. Teremos a mais agressiva eleição da Nova República. Derrotado, com ainda dois meses de mandato, não podemos esperar civilidade de Jair Bolsonaro. Mas podemos sonhar com 2023. Meu desejo para o Brasil é de que a esquerda encare uma de suas maiores contradições. É gostar de empresário grande mas ter horror a empreendedores.

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O Brasil está em 80° lugar no ranking de competitividade global de talentos. Não é que não tenhamos cérebros qualificados. É que eles estão fugindo para o exterior. Um governo de esquerda não teria dificuldades de investir em universidades e reter nossas melhores cabeças. Só que conhecimento vira riqueza quando negócios são criados a partir deles. E empreender é nosso fraco: somos o 124º país do mundo em facilidade para fazer negócios, segundo a OCDE.

Políticas econômicas defendidas pela esquerda despejam dinheiro para turbinar empresas gigantes. Se é para grandes empresários, aqueles mais afeitos aos corredores palacianos do que aos debates sobre inovação, aí os preconceitos desaparecem. A contradição parte de uma incompreensão: a esquerda acha que um bom negócio nasce da força bruta do dinheiro despejado, não do capital humano, das ideias e capacidades, de quem o ergue.

Noutros tempos, quando as regras que valiam eram as da Era Industrial, a política de jogar dinheiro público em quantidade para construir do zero um setor até funcionava. Mas o caminho para o Brasil encontrar seu lugar no século 21 será pela economia verde, este é um setor novo e nele as regras ainda não estão dadas.

O método para o século 21 é o do Vale do Silício. Produz-se conhecimento e se cria um ambiente onde abrir e fechar empresa é muito fácil. Onde pequenos financiamentos para testar modelos são estimulados com a consciência de que para cada cem apostas, noventa darão errado, oito serão empresas bacanas e duas se tornarão extraordinárias.

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O Estado deve estar presente em políticas sociais. É fundamental que esteja. Mas, caso se livre de preconceitos e compreenda que não precisa controlar cada passo da sociedade, descobrirá que nossa criatividade não se limita aos esportes e às artes. Basta deixar o brasileiro tentar, errar — acertar. Todos nos beneficiaremos com o PIB criado. 

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