Sorocaba; cidade digital?

Sobras da banda larga direcionada aos serviços públicos renderam Wi-Fi para a população. Mas quem tentou usar reclama

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Tentativas de implantar um Wi-Fi público e gratuito são sempre bem-vindas. Ninguém nega a importância de garantir banda larga ao maior número possível de cidadãos — e cidades que tomam a iniciativa merecem reconhecimento. Sorocaba, cidade a 100 km de São Paulo, é uma delas. Há dois anos a prefeitura anunciou um projeto de Wi-Fi gratuito. E, há três meses, começou o projeto de Cidade Digital.

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A cidade tem 12 hotspots localizados em praças, bibliotecas, teatro municipal, bases da guarda civil e outros locais. Eles fornecem sinal de internet rápida em um raio de 250 metros. Cada usuário só pode usar o serviço por uma hora, e sites de pornografia e conteúdo impróprio, assim como msn e Orkut, são bloqueados. Esse serviço, diz a prefeitura, suporta até 64 pessoas conectadas simultaneamente.

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Mas funciona? O Link conversou com o analista de mídias sociais Tiago Oliveira, morador da cidade. Ele havia acabado de tentar conectar ao Wi-Fi público sem sucesso. “É possível enxergar a rede, o aparelho (iPod, iPhone, smartphone ou notebook) conecta, mas não há navegação”, reclama. Ele diz que o Wi-Fi público de Sorocaba já virou piada na cidade: “o prefeito colocou o roteador, mas esqueceram de pagar a fatura”.

Ele postou em seu blog uma lista de lugares com Wi-Fi livre em Sorocaba. E a rede pública não estava entre as opções viáveis. “A pior de todas as redes Wi-Fi a que já me tentei conectar”, diz o post.

Oliveira pode ter pego uma rede congestionada, mas acha pouco provável. “O parque é muito amplo. Veríamos facilmente quem estivesse conectado, e no horário em que tento me conectar está vazio”. Ele diz que, das poucas vezes em que se conectou, a velocidade foi mais baixa do que uma conexão 3G.

O projeto de Sorocaba visa criar uma rede interna para garantir conexão rápida a todos os serviços e servidores públicos. A rede metropolitana interliga os serviços públicos e facilita o tráfego de dados entre os servidores. Como se fosse uma grande intranet em toda a cidade.

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“Isso melhorou a gestão da cidade em vários aspectos”, disse ao Link o idealizador do projeto, Umberto Nanini. “O serviço está disponível para oito mil funcionários”, explica. Além de conectar os funcionários, a intranet permite o acesso à serviços públicos. É possível, diz Nanini, abrir uma empresa em duas horas.

O Wi-Fi público é, na verdade, a sobra dessa banda larga da prefeitura. E, mesmo sendo a sobra, os servidores municipais que estão na rua têm a preferência para usar a rede. A prefeitura diz que disponibilizar o Wi-Fi fica mais barato do que dar uma conexão 3G a cada um dos funcionários.

“Eles fizeram um tremendo de um projeto com aplicativos, softwares”, defende Alexandre Costa e Silva, presidente da Neovia. Apesar das críticas, Silva defende o modelo adotado pela cidade. “Na primeira gestão de cidades digitais, as administrações compravam um monte de equipamentos, mas se sucatearam porque é difícil de operar”, critica, sem citar nomes. “Cada cidade está tateando, procurando um modelo que funcione”. (foto: Wikimedia Commons)

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