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Streaming e smartphones afetam público de cinema nos EUA

Público e renda caíram em 2014 nos EUA; para especialistas, Hollywood tem dificuldade em se adaptar aos novos tempos

Por Camilo Rocha
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SÃO PAULO – Os americanos foram menos ao cinema em 2014 e a culpa pode ser dos novos formatos de diversão proporcionados por smartphones e pela internet. A renda da bilheteria no país caiu 5,2% no ano, para US$ 10,3 bilhões, com o público diminuindo 6%, para 1,26 bilhão de pessoas. É o pior resultado em quase 20 anos.

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O mais preocupante, porém, diz respeito à queda de espectadores entre o público de 14 a 24 anos. Segundo a Nielsen, o declínio de pessoas que vão ao cinema nessa faixa etária foi de 15% no ano passado. No ano anterior, havia sido de 17%, segundo a Motion Picture Association of America. As informações foram divulgadas pelo Boston Herald. 

“Os filmes não são a única diversão na cidade”, disse Jeff Bock, analista entrevistado pelo Boston Herald. “São celulares, streaming, entretenimento instantâneo, e o cinema não é isso. O formato ficou para trás nesses quesitos”. A popularização do Netflix, que já rouba espectadores da TV a cabo nos EUA, certamente contribui para a erosão do público de cinema.

Essa visão é compartilhada por Peter Bart, editor-chefe da Variety, que cobre a indústria cinematográfica. Em sua coluna, Bart declarou que “o chão está em movimento e é melhor Hollywood se adaptar ou encolher”. O jornalista lembra que a indústria não parece ter aprendido com seus erros, citando a demora em se adaptar à televisão ou ao DVD em outros tempos. 

Outros fatores citados como possíveis responsáveis pelo menor público nos cinemas estão a falta de lançamentos de grandes franquias de sucesso como Batman ou James Bond e a melhor qualidade das séries de TV, com sucessos como True Detective, Breaking Bad e The Walking Dead.

“A tecnologia cria novas alternativas e distrações. Quem produz conteúdo deve estar ciente disso”, afirmou Dave Hollis, chefe de distribuição da Disney. Para o executivo, o cinema deve criar eventos socialmente desejáveis nas salas de modo que quem não frequenta “fica de fora da conversa”.

Outros especialistas acreditam que a indústria deverá produzir menos e mais rentáveis filmes em 2015, mantendo o foco em poucos lançamentos.

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