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SXSW e a nova ordem

No festival, em Austin, fica claro que o mundo mudou, que trabalho e política funcionam de outro jeito e que offline e online já não têm separação

Por Redação Link
Atualização:

No festival, em Austin, no Texas, fica claro que o mundo mudou, que trabalho e política funcionam de outro jeito e que offline e online já não têm separação

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Por Dudu Fraga*Especial para o Estado

AUSTIN – A parte Interactive do festival South by Southwest (SXSW), que ocorre todo ano em Austin, é um dos maiores eventos de cultura digital do mundo. São 21 mil participantes e mais de 900 palestras em cinco dias de evento, que terminou na terça-feira. É muita coisa. E há espaço para tudo, do lançamento de aplicativos, como a versão para Android do Instagram e o Highlight (aposta de app social do ano), ao debate sobre a imortalidade da vida digital.

A cada ano o SXSW fica maior, com mais palestras e temas. Neste ano, por exemplo, teve espaço só para debates sobre games e outro para discutir a relação entre esporte e tecnologia. Mas o que mais chama a atenção são as discussões macro sobre internet e tecnologia, são elas que realmente fazem do SXSW um evento de cultura digital.

O SXSW de 2012 questionou alguns dos principais pilares da sociedade: dinheiro, trabalho e política. O aviso foi claro. Não é que o mundo está mudando. Ele já mudou. E é preciso rever e discutir várias questões legais, éticas e morais.

Sem volta. Novas ferramentas de financiamento, de pagamento digital e de pagamento via celular retiram os intermediários, dão poder ao usuário e permitem que qualquer pessoa compre ou venda praticamente qualquer coisa na internet de forma simples e sem burocracia.

Todas essas ferramentas já existem – moedas virtuais (em 2011 o Facebook movimentou US$ 577 mil em moeda virtual), e-wallets (caso do ISIS , aplicativo de celular lançado no SXSW que substitui todos seus cartões de crédito), verdadeiros mercados (Mercado Livre, Apple Store) e PayPal – que acabou de lançar o Tabbedout, app para pagar a conta do bar usando o sistema de pagamento digital.

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O trabalho formal, o trabalho como obrigação, como algo a ser simplesmente de execução ficou ultrapassado. Existe uma nova economia. Um novo trabalho ligado a uma economia criativa, a economia do freelancer, da informação que transforma trabalho em estilo de vida.

É um caminho sem volta, uma vez que as tarefas braçais estão sendo automatizadas e feitas de forma mais rápida. O trabalho precisa evoluir. Precisa ser mais líquido, mais flexível e mais associado à informação que a pessoa pode dar e não à tarefa que pode executar. Quais empregos estamos criando para este novo trabalho? Como os governos estão se preparando para essa nova economia?

Por falar em governos, também há uma nova forma de fazer política. Uma nova maneira de protestar, mais fácil, mais rápida e mais global.

Não acredita? Então assista ao documentário We are Legion: the Story of Hactivists (Somos legião: a história de hackativistas) lançado no festival.

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Nesta nova forma de fazer política também está a cultura da transparência trazida pela cultura digital. Os dados podem ser lidos, avaliados e acessados por todos. O maior símbolo disso é o WikiLeaks, que também foi tema de documentário lançamento no festival, o WikiLeaks: Secrets & Lies. Houve um espaço exclusivo do SXSW para discutir como a tecnologia está mudando a relação de governos e cidadãos.

O que fica dos quatro dias de festival é a conclusão de que muitos estão acompanhando as mudanças que a cultura digital está trazendo às nossas vidas, mas poucos já entenderam que cada vez menos existe separação entre digital e real, entre online e offline. Poucos entenderam essas mudanças afetam a forma básica como entendemos a sociedade, não somente a forma como entendemos o mundo digital.

No ano que vem. Por isso, o meu desejo para o próximo SXSW é que não venham só as pessoas encarregadas da parte digital de suas empresas ou pessoas totalmente familiarizadas com os movimentos da internet, mas pessoas quem têm grande poder de influência e de decisão dentro de suas empresas, organizações, governos, mas que ainda permanecem distantes de todos estes grandes acontecimentos.

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Promessas 15 startups disputaram uma seleção para escolher as três mais legais:

Distil.it: Sistema de segurança que aprende e, assim, bloqueia ataquesGmw-now.com: Rede social para escolher a melhor forma de transporteReciteme.com: Serviço para transformar sites para pessoas com problemas de leitura como dislexia

* É sócio e CEO da agência de pesquisa Talk Inc. 

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