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SXSW é 'comunidade hippie para negócios'

Executivo de marketing digital destaca impressão 3D, mercado latinoamericano e networking no festival em Austin, no Texas

Por Redação Link
Atualização:

Executivo de marketing digital destaca impressão 3D, mercado latinoamericano e networking no festival em Austin, no Texas

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Aline Ridolfi Especial para o ESTADO

AUSTIN – Quando perguntado se aquela era sua primeira vez no South by Southwest, Luis Spencer Freitas, gerente de marketing digital da Pernod Ricard, empresa responsável pela promoção de marcas como Absolut e Jameson no continente americano, riu. “Eu acho que quem trabalha com o mercado digital sempre acompanha o festival de forma tão intensa que é como estar presente fisicamente. É tanta cobertura feita ao vivo que é quase que a experiência de frequentar o festival em si”, ele brinca, antes de confirmar que sim, é sua primeira vez no evento. Resposável pela estratégia digital nas Américas, ele assiste aos mercados e implementa projetos piloto em escala continental.

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Durante um bate-papo descontraído, o português de Lisboa que hoje vive em Nova York fala sobre as suas escolhas no festival – e aproveitou para profetizar que no dia em que a América Latina consolidar efetivamente sua força digital, não haverá competição.

O que está achando do SXSW? É muita informação. É um evento com muitas pessoas com um interesse em comum, que realmente são ativas na comunidade digital, extremamente interessadas, concentradas. Tem a oportunidade de ver tudo que conhecemos em teoria sendo aplicado na prática. Ver serviços inovadores, startups, realmente funcionando, é único. É como ver o digital e o físico convergendo de forma prática – quase uma utopia da comunidade digital. É realmente impressionante a dimensão que tudo isso toma quando se vive essa experiência.

 

O que você fez hoje? Fui a uma apresentacao que discutia a metodologia comportamental que permite alterar hábitos comportamentais de forma mais sustentável e a partir de pequenos passos (Why tiny habits give big results) – algo que se aplica a estratégias de engajamento com consumidores. Um grande problema de muitas empresas é que elas acabam criando metas muito amplas, de proporções enormes e dessa forma fica difícil cumprí-las. Dar passos menores, porém mais eficazes, é uma forma muito mais sustentável de negócio. Bastam pequenos estímulos para modular o comportamento dos consumidores e assim atingir essas metas. E se associado a esse raciocínio você mantiver os princípios de processamento de dados e gameficação, você tem um ecossistema de interação que é riquíssimo.

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E claro, não poderia deixar de ver a palestra de Ping Fu, sobre a impressora 3D (Digital Reality: Life in Two Worlds). Isso foi demais! Não só pela história pessoal de Huang, mas pela questão desta tecnologia vencer obstáculos em vários sentidos, revolucionar o mercado. Ela apresentou uma impressora 3D funcionando, em atividade, e isso é fantástico.

Fantástico em que sentido? No sentido das mudanças que isso traz para a sociedade, para a indústria, é chocante. Estamos vivendo uma era histórica de mudanças tecnológicas, e é muito bom estar consciente disto. Imagine, crianças estão sempre produzindo desenhos, criando universos abstratos, e essa é uma característica que vamos perdendo ao longo dos anos, vamos “amadurecendo”. A partir do momento em que lhe é permitido materializar o abstrato, muda também a forma de se pensar a respeito do tema. Acredito que daqui um tempo as crianças vão desenvolver um tipo de consciência muito diferente da nossa. Serão pequenos engenheiros orgânicos, tudo muito natural e inserido no dia-a-dia. As lojas físicas vão perder este formato que conhecemos hoje, será possível desenvolver o seu produto em casa, no computador, do jeito que você quer, e depois imprimir. É a maior inovação tecnológica desde a Revolução Industrial.

É praticamente uma porta de entrada para uma nova Revolução Industrial. Como você acha que o mercado vai se adaptar a isso? Temos os setores primários, secundários e terciários. Pensando nesse sentido, acredito que o primeiro deve se adaptar a tecnologia. O segundo deve praticamente desaparecer – ser incorporado aos outros. Todo mundo, toda a indústria vai ter que se adaptar. É uma mudança muito significativa. Além dessas palestras, você viu alguma coisa que lhe chamou a atenção desde que chegou? Eu fui em um painel interessante sobre como formar equipes na América Latina. Era uma coisa muito técnica, muito direcionada a pequenas empresas, startups, mas que toca na questão da especialização em assuntos digitais na América Latina, que é a área com a qual trabalho diretamente. Do meu ponto de vista ainda é muito complicado formar equipes em mercados emergentes, as grandes empresas ainda sentem a necessidade de buscar coaches nos Estados Unidos ou na Europa para fazer treinamentos, coordenar projetos. O Brasil, claro, é muito mais avançado nessa área se comparado aos outros países da região – é um caso a parte. Mas se pensarmos nos países de língua espanhola, ainda é muito difícil, pois cada um está em uma fase diferente de amadurecimento.

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O problema é que muitas grandes empresas, multinacionais, ainda se baseiam por modelos norte-americanos e europeus, e buscam aplicá-los diretamente as realidades latinas, e isso não funciona. São ritmos de desenvolvimento diferentes, não faz sentido. Faz muito mais sentido contratar profissionais mais teóricos que possam criar estratégias específicas para a realidade de cada país. Enfim… Acho importante ressaltar o potencial da América Latina em relação à tecnologia. A partir do momento em que os países que a compõe encontrarem uma forma efetiva de trabalharem juntos, como forma de geração e aplicação de conhecimento, mesmo, não há quem os segure. Posso declarar com segurança que vai ser muito difícil competir com um bloco latino-americano. O que você considera imperdível por aqui? Eu acho que mais do que as palestras ou fóruns são as pessoas, o networking. Claro que o que está sendo dito no microfone é interessante. Mas muitas vezes, reflexões sobre o assunto, aquela conversa de corredor, aquele tweet, dizem muito mais do que os palestrantes e a programação oficial. Penso que o SXSW é como se fosse um lugar onde tudo é possível, uma grande comunidade hippie voltada para negócios – se isso fosse possível. O espírito do evento é fabuloso. Essa totalidade sobrepõe qualquer palestra e é isso que quero tirar daqui. Você consegue, literalmente, sentir o pulsar do que está por vir. Ano passado as discussões eram todas voltadas para a geolocalização, GPS, e com o passar do ano foi exatamente isso que se viu. Aplicativos baseados em localização, interação através da localização. E esse ano pelo que tenho visto, devemos aguardar evoluções em relação a banco e processamento de dados, gamefication, play e uma nova posição em relação ao digital e o físico. Quase que uma convergência entre os dois, mas sem excluir um ou outro. Um novo conceito.

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