Tecnologia é o novo rock

No South by Southwest (SXSW), os desenvolvedores e empreendedores digitais têm seus dias de astros

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Por Redação Link
Atualização:
De blusa preta, com as mãos para cima, Matthew Rosenberg, da Fast Society  

* Por Mike Swift (San Jose Mercury News)

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Matthew Rosenberg, um dos fundadores da startup Fast Society, de Nova York, estava nas palestras de tecnologia do festival South by Southwest (SXSW, que acontece anualmente em Austin, Texas) e, observando a multidão, anunciou: “Somos os novos astros do rock.” Nós quem? Os empreendedores.

A Fast Society é apenas uma das muitas startups no festival que estão competindo entre si para transformar o SMS em uma plataforma que permite a troca de fotos, vídeos, chamadas de voz e textos entre pequenos grupos de amigos.

 

Criado há 17 anos, o SXSW foi de onde o Twitter iniciou seu voo em 2007 e, dois anos depois, ensinou ao mundo o conceito de check-in geolocalizado quando sediou o lançamernto do Foursquare. Dividido em três áreas (música, cinema e interação), ele continua sendo o lugar que lança as tendências de tecnologia pessoal, móvel e social.

Mas os jovens empreendedores temem que o evento, que cresce sem parar, esteja sendo desfigurado, já que grandes companhias e o que Rosenberg chama de “beautiful people” são atraídos pelo dinheiro e pelo interesse cultural por trás do boom da mídia social online.

Neste ano, entre as empresas recém-criadas e as tendências que estão chamando a atenção, estão serviços de armazenamento de música online e a nova geração dos sistemas de busca, como o Moodfish, que usa termos como “brilhante”, “sensual”, “intenso” e “estranho” na busca de entretenimento adequado ao gosto de cada um.

A startup preferida da atriz Demi Moore, Zaarly, também estava lá apresentando seu serviço que funciona assim: você dispara pelo telefone o quanto estaria disposto a pagar por determinado serviço naquele instante e as pessoas que estão próximas a você podem responder a sua proposta com ofertas de serviços.

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Moore e o marido, Ashton Kutcher, viraram investidores de empresas de tecnologia assim como o âncora do programa de entrevistas Conan O’Brian e outros notáveis de Hollywood que, aproveitando que o SXSW é também um festival de cinema, fizeram uma visita ao estúdio no centro de Austin para participar do Facebook Live, programa de entrevistas que passa na rede e é conduzido por Randi Zuckerberg, irmã de Mark.

No ano passado, a área de interação do SXSW superou o número de espectadores da área de música, que era a única que havia quando o festival foi lançado em 1987 e era a mais popular até então. No ano passado, foram 33 mil pessoas. Neste ano, estima-se crescimento de 30% no público. De fato os empresários tornaram-se os verdadeiros astros.

“Estamos atraindo sem parar as grandes empresas interessadas em saber como poderão usar a mídia social para aumentar seus lucros”, disse Hugh Forrest, diretor da área de tecnologia do festival, chamada Interactive. A própria Apple, que segundo Forrest resistia a participar do SXSW, montou uma loja temporária no centro de Austin.

Por enquanto, Rosenberg e os outros três sócios da Fast Society não ganham como astros do rock. Para economizar em Austin, eles se amontoam no apartamento de um amigo que viajou de férias. Só dois da equipe de quatro, todos entre os 27 e 29 anos, poderiam pagar os US$ 750 da taxa da conferência.

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Empresários mais jovens, como Rosenberg, estão particularmente interessados em montar empresas baseadas nos aplicativos de smartphones, já que as grandes redes sociais, como Facebook e Twitter, precisam de penduricalhos que as tornem mais pessoais e flexíveis.

Segundo Jared Hecht, 24 anos, um dos fundadores do GroupMe, os novos serviços são como uma sala de bate-papo para os amigos mais íntimos. As grandes plataformas de mídia social ficaram tão grandes “que a comunicação ali muitas vezes fica estéril”, diz, argumentando que “as pessoas estão precisandode algo mais pessoal”.

Concorrentes, Fast Society e GroupMe miram em pessoas entre os 18 e os 30 anos e partem da premissa de que elas querem ter uma capacidade maior de se expressar através da tecnologia para um grupo seleto de amigos – longe do controle dos pais, parentes ou de outros olhares enxeridos. “Quando estávamos na faculdade, o Facebook era um lugar seguro”, disse Rosenberg. “O que estamos fazendo é o novo álbum de fotografias; é como a nova câmera de vídeo”.

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O desenfreado espírito comercial do festival incomodou um pouco Rosenberg. “Olhe ao redor. A Pepsi está em toda parte. A Chevrolet está em toda parte. Acho que os dias em que o SXSW celebrava as startups estão contados”. Ele disse também que a Fast Society aprova táticas de guerrilha em seu marketing. No entanto, não comentou o boato de que teria pago drinks para todos que estavam no voo que os trouxe de Nova York, apenas para promover a empresa.

Falso ou verdadeiro, não importa – o boato ajudou a Fast Society ser notada. Isso e o fato de ter aparecido tanto no New York Times quanto em blogs de tecnologia ao lado de serviços de mensagens coletivas muito maiores e com recursos muito sofisticados, como o GroupMe e o Beluga, aplicativo de mensagens criado por três ex-funcionários do Google e comprado pelo Facebook neste mês.

“Por aqui, todos têm toneladas de grana e não podemos ficar para trás”, disse Rosenberg. Ir ao South By Southwest e tentar várias táticas de guerrilha no marketing – sua empresa também fretou um ônibus-balada que levava as pessoas até o centro no primeiro dia do festival de graça – “foi um risco calculado”, como disse. E acrescentou, em uma entrevista que acha que “a aposta deu certo – afinal, você está falando comigo agora”.

Tradução: Anna Capovilla

—- Leia mais:Link no papel – 21/03/20114Chan certinho

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