Telefônica retira oferta por parte da Vivo
Empresa espanhola descarta aquisição de fatia da Portugal Telecom
17/07/2010 | 15h21
Por Agências - Agências
A empresa de telecomunicações espanhola Telefónica retirou sua oferta pela fatia da Portugal Telecom na companhia brasileira de telefonia móvel Vivo neste sábado, rejeitando o pedido da empresa portuguesa por mais tempo para discutir o negócio e preparando uma batalha legal sobre o futuro da Vivo.
A Portugal Telecom havia pedido mais tempo para se chegar a um acordo, mas a Telefónica perdeu claramente a paciência depois que acionistas da Portugal Telecom votaram a favor da oferta de 7,15 bilhões de euros pela Vivo no último mês – mudança que, no entanto, foi anulada pelo governo português.
“A Telefónica anuncia que, após o Conselho da Portugal Telecom não ter aceitado a oferta dentro do prazo estabelecido, a oferta foi descartada”, disse a empresa espanhola.
A recusa em dar à Portugal Telecom mais tempo pode sinalizar que a Telefónica visa comprar ações com free-float da Vivo na BM&FBovespa, mas primeiramente terá de buscar uma decisão legal para dissolver a Brasilcel, joint-venture que a companhia espanhola e a Portugal Telecom possuem, que controla 60 por cento da Vivo, disseram analistas.
“A decisão pode ser tomada em alguns meses, mas a Telefónica provavelmente decidiu que a opção é melhor do que ser efetivamente chantageado pelo governo português após os próprios acionistas da Portugal Telecom reconhecerem que é uma oferta muito boa”, disse um analista sênior de telecomunicações em Madri, que pediu para não ser identificado.
A Telefónica está disputando o controle da Vivo há anos, com o objetivo de unir a unidade ao negócio de linha fixa da Telesp no Brasil, produzindo 2 a 4 milhões de euros em sinergias, de acordo com analistas, e dando um passo mais firme no mercado brasileiro, cujo crescimento tem sido acelerado.
A companhia enfrenta uma competição acirrada de sua maior concorrente, a America Movil de Carlos Slim, que já integrou seus negócios de linha fixa e móvel.
O controle total da Vivo pode contrabalançar o impacto da queda das receitas dos maiores e mais desenvolvidos negócios da Telefónica na Europa.
A Portugal Telecom encerrou uma reunião de conselho no final da sexta-feira sem chegar a uma decisão sobre aceitar ou não a oferta da Telefónica pela participação portuguesa na Vivo. Embora a oferta seja considerada por analistas como generosa, a Portugal Telecom seria relegada a se tornar uma empresa quase doméstica se a participação na Vivo fosse vendida.
A Portugal Telecom afirmou em um fax, enviado 21 minutos antes do prazo que terminava no final do dia, que as negociações com a Telefónica tinham progredido de maneira construtiva e que a companhia estava empenhada em chegar a um acordo que agradasse todas as partes. O pedido foi negado também em uma resposta por fax, e foi confirmado por meio de um comunicado ao regulador do mercado espanhol neste sábado.
O prazo da Telefónica já havia sido prorrogado uma vez, após o governo português ter vetado a operação, há duas semanas, utilizando a sua golden share na Portugal Telecom. A maioria dos acionistas da empresa portuguesa votaram a favor do negócio pouco antes da intervenção do governo.
Mais tarde, o Tribunal Europeu de Justiça afirmou que o uso da golden share violou as regras da União Europeia sobre a livre circulação de capitais.
/NIGEL DAVIES (REUTERS)