SÃO PAULO – Elon Musk, empreendedor responsável pela marca de carros elétricos Tesla, pelas espaçonaves SpaceX – que têm a missão final de levar a humanidade para colonizar Marte –, e pelo sistema de transporte ultrarrápido Hyperloop, se lançou em uma nova empreitada. Sua nova ambição é permitir que bilhões de residências e empresas se sustentem apenas com energia captada por paineis solares ou sistemas eólicos e armazenada em baterias domésticas.
Durante o anúncio em Hawthorne, na Califórnia, Musk afirmou que pretende “mudar o modo com o o mundo usa energia”. Para isso, além dos carros, a Tesla agora também passa a produzir baterias de ciclos diários de 7 kWh a 10 kWh, que serão vendidas por US$ 3 mil e US$ 3,5 mil.
Chamada de Tesla Powerwall, as baterias, que se conectam à internet, terão 10 anos de garantia e devem ser “suficientes para garantir a energia na maioria das casas”, diz a empresa. Como comparação, em 2014 o brasileiro consumiu, em média por residência, 167 kWh no mês (ou 5,5 kWh diariamente).
As primeiras unidades das baterias devem chegar ao mercado americano em agosto – o site da empresa já abriu a possibilidade de compra antecipada. Versões do equipamento para empresas devem começar a serem vendidas em 2016, aliado ao plano de expansão para outros países.
O plano de Musk é de inicialmente fabricar as baterias dentro das fábricas dos automóveis Tesla, aproveitando a estrutura já construída, na Califórnia. Até 2017, no entanto, o empresário espera levar a produção para uma fábrica gigantesca em construção no Estado vizinho, Nevada.
PARCERIA
A entrada de Musk no novo ramo da indústria não foi exatamente por acaso. Isso porque a Tesla levará a possibilidade de armazenar energia limpa para domicílios com a ajuda de alguns parcerios, dentre eles a SolarCity.
A empresa, que atua na elaboração e instalação de paineis solares desde 2006, tem os irmãos Lyndon e Peter Rive na direção. Ambos primos de Elon Musk, o qual ocupa a principal cadeira no conselho da companhia e é dono da maior participação acionária. A SolarCity conta com ações na Nasdaq e possui valor de mercado estimado em quase US$ 6 bilhões.
Juntos, Tesla e SolarCity já concluíram um projeto piloto na Califórnia abastecendo 300 residências, além de uma dúzia de supermercados Walmart, com o sistema.
O objetivo fundamental é gerar receita sobre o apelo de reduzir a dependência de combustiveis fosseis para a geração de energia. “Eu sei que nós [a humanidade] podemos fazer isso”, disse Musk na apresentação. “Nós podemos e faremos.”
Segundo o Deutsche Bank, o negócio de venda de sistemas de bateria de armazenamento para residências e negócios pode gerar até US$ 4,5 bilhões à Tesla. No mundo, essa indústria deve chegar a US$ 19 bilhões até 2017, segundo o grupo de pesquisas IHS CERA.