Um dos entrevistados na edição 3D do Link na segunda-feira, 28, foi o curador Marcello Dantas, que entre outros trabalhos foi um dos idealizadores do Museu da Língua Portuguesa. Ele contou um interessante episódio: há algum tempo o Museu Britânico, em Londres, havia recriado uma tumba do Egito Antigo em um formato 3D se baseando em fragmentos da tumba original.
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O trabalho foi baseado em 11 fragmentos da tumba original, que pertencem ao museu desde 1820 e ficaram expostos até o início da década de 1990. A partir desse momento, todos os fragmentos foram para o departamento de conservação.
É nessa parte que o 3D entra: o Museu aproveitou esse momento de conservação do material para digitalizá-lo. Juntou-se ao material que o Museu Britânico já possuía um outro fragmento da Tumba de Nebamun pertencente ao Museu de Berlim.
Fragmento orginal da Tumba de Nebamun Foto: Reprodução do site do Museu Britânico
Com tudo isso em mãos, o Museu construiu uma visita digital em 3D da tumba de Nebamun da forma como ela era quando foi construída pelos egípcios antigos:
Clicando na flecha roxa, você escolhe para onder quer caminhar na tumba digital
A barra que fica abaixo controla seu olhar: + aproxima a visão, – distancia e as pequenas flechas conduzem o olhar para a direita, esquerda, para cima ou para baixo. A flecha arredondada, último ícone da direita, faz que você dê um giro 360º no ambiente.
As mãos rochas com letras levam você para uma página com a foto do fragmento original e um texto explicativo. Basta clicar.
Você pode fazer esse tour digital pela tumba agora mesmo. Basta clicar aqui.
A imersão digital no Egito Antigo pode ser feita tanto no Museu Britânico, quanto no site da instituição. A reprodução é muito bem feita e dá liberdade ao visitante de escolher com o mouse (na versão online) para onde ele quer seguir, se quer olhar mais de perto algum detalhe. Já quem tiver a oportunidade de ir a Londres, além do tour digital pela tumba, poderá ver os fragmentos originais que voltaram para o acervo público além de outros 150 artefatos da época que auxiliam a entender como funcionava aquela sociedade (muitos deles diretamente ligados à Tumba de Nebamun).
Voltando à pessoa que iniciou essa busca, Marcello Dantas, que viu pessoalmente a recriação da tumba de Nebamun em Londres, crê que, nesses casos, a tecnologia 3D é importante aliada do museu: “No caso do Museu Britânico, foi muito bem vindo, porque quem via a reprodução em 3D da tumba via mais do que quem fosse observar apenas os fragmentos originais, que já estavam um tanto desgastados”, diz ele. “Além disso tem todo o contexto de ver como a tumba era originalmente, o conteúdo de apoio”.
Dantas só se mostra contrário quanto a uma “arte em 3D”. “Ninguém fez ainda uma arte em 3D relevante e acho uma bobagem querer inserir essa tecnologia em tudo. Um Picasso não deve ser inserido num contexto de três dimensões. Já para os museus de ciência e história é diferente. Como ocorreu em Londres, pode ajudar muito. A história de como um Picasso foi feito, o processo, pode ser muito bem contada em um processo interativo usando as novas tecnologias”.
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