Uber; Twitch e biógrafo de Jobs abrem evento voltado para startups

Repórter está em São Francisco, cobrindo o TechCrunch Disrupt, o maior evento de startups de tecnologia do mundo

PUBLICIDADE

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

SÃO FRANCISCO – Alguns dos principais nomes do mercado de tecnologia norte-americana e novas startups do mundo todo se reuniram ontem durante o primeiro dia do TechCrunch Disrupt São Francisco, o maior evento de startups de tecnologia do mundo. Com edições em diversas cidades dos EUA e fora do País, a versão de São Francisco está em sua oitava edição e é a primeira e a mais importante pela proximidade da empresa com o Vale do Silício, principal polo tecnológico do mundo.

PUBLICIDADE

O evento é organizado pelo site TechCrunch, empresa criada em 2005 por Michael Arrington e que tornou-se referência na cobertura novas empresas de tecnologia. O site, comprado pela Aol em 2010, possui hoje 12 milhões de visitantes únicos em seu site e 37 milhões de pageviews.

Travis Kalanick, diretor executivo do Uber, Emmet Shear e Kevin Lin, respectivamente cofundador e diretor operacional do Twitch, que acaba de ser adquirido pela Amazon, Ev Williams, fundador do site Medium e cofundador do Twitter, e Walter Isaacson, biógrafo de Steve Jobs, foram os as principais atrações do primeiro dia do evento.

Enquanto o período da manhã e o início da tarde são dedicados aos paineis com investidores e empreendedores, a parte da tarde é inteira focada em startups. No palco principal, as empresas iniciantes de tecnologia apresentam seus negócios para uma banca de jurados, formada por figurões do mercado de tecnologia, como Marissa Mayer, do Yahoo!, no que é chamado de Batalha de Startups. Na quarta-feira, último dia, uma empresa sairá vencedora e ganhará um prêmio de US$ 50 mil.

Este ano 26 empresas foram escolhidas para apresentar seus negócios no palco do TechCrunch. Nenhuma brasileira está na lista. Já saíram do TechCrunch Disrupt empresas reconhecidas no mercado internacional, como o Dropbox. No total, 400 empresas já participaram da batalha de startups. Elas levantaram US$ 2,4 milhões de investimentos e 50 já tiveram exits, o que significa que os investidores tiveram sucesso seja pela venda do negócio ou abertura de capital, por exemplo.

Fora do palco principal há uma grande área para startups do mundo inteiro exibirem seus negócios. Um grupo de startups brasileiras treinadas pelo Sebrae e pela Apex especialmente para o evento está expondo seus negócios no pavilhão.

O grupo teve aulas de pitch no Brasil, como é chamada a apresentação curta que empreendedores fazem a investidores, chegou a São Francisco no sábado e passou o domingo tendo suas apresentações avaliadas por uma banca de profissionais e investidores de tecnologia do Brasil e dos Estados Unidos. O objetivo principal é ampliar a rede de contatos conhecer investidores. “Nos preparamos especialmente para fazer o pitch para os investidores que passam pelo nosso estande não irem embora sem conhecer o negócio” diz Marcela Kahiwagi, da startup brasileira Cabe na Mala.

Publicidade

Negócios

Muito do interesse em torno do evento está nos grandes nomes que comparecem para falar sobre a sua experiência no palco principal, contar bastidores e detalhes de seus negócios. Foi o caso dos fundadores do Twitch, que acaba de ser adquirido pela Amazon após semanas de especulações de que a empresa seria comprada pelo Google. Emmett Shear explicou no TechCrunch Disrupt porque a empresa de streaming de partidas de videogame escolheu a Amazon.

“Nós temos a mesma visão sobre o futuro dos games e eles garantiram que poderíamos nos manter como uma marca independente. Isso me deixou muito animado para continuar trabalhando com o Twitch”, afirmou Shear, garantindo que a visão de negócio e a garantia de independência ajudaram na escolha.

Essa visão similar, segundo ele, seria a crença de que jogar videogame se tornará cada vez mais uma experiência social. “Você pode ter jogos em estádios, competiçoes multiplayer, ferramentas como o Twitch pela qual as pessoas podem interagir. Os games estão cada vez mais se transformando em redes”, afirmou Shear.

PUBLICIDADE

Circula no mercado de tecnologia um boato de que um dos motivos para as negociações entre o Google e o Twitch fracassarem foi o fato de que o Google queria que o streaming de games se integrasse à rede social Google Plus, obrigando os usuários do Twitch a terem um perfil na rede social. Questionado, Shear preferiu abordar a questão indiretamente, ressaltando o desejo de manter a independência do Twitch.

Segundo ele, a negociação com a Amazon não os obriga a fazer integrações com o sistema da empresa. “Temos oportunidades (de integração com a Amazon) e vamos vez quais delas fazem sentido aproveitar”, disse. “Muitos nos perguntam se podemos ajudar a Amazon a vender games. Se a Amazon quiser uma loja de games pode fazer isso por conta própria. O Twitch é uma plataforma para juntar as pessoas que gostam de games”, disse.

Colaboração

Publicidade

O escritor Walter Isaacson, autor da biografia do cofundador da Apple Steve Jobs, foi ao evento falar sobre seu novo livro The Innovators: How a Group of Hackers, Geniuses, and Geeks created the Digital Revolution (“Os Inovadores: como um grupo de hackers, gênios e geeks criaram a Revolução Digital”, em tradução literal), que será lançado em outubro e pretende ser uma espécie de guia sobre inovação.

Ele se uniu no palco a Ev Williams, fundador da plataforma Medium e cofundador do Twitter e do Blogger, para falar sobre produção colaborativa de conteúdo na internet. Isaacson fez uma experiência pelo Medium e publicou trechos do seu novo livro na plataforma, solicitando feedback e confirmação de fatos para os leitores.

“Colaboração é a chave da criatividade. Nós biógrafos temos a obrigação de parar de falar que tal pessoa inventou isso ou aquilo. Criou-se um mito de que muitas ideias nasceram dentro de uma garagem em um momento de iluminação, quando na verdade a maioria das inovações acontece colaborativamente”, afirmou Isaacson.

Williams disse que com seu negócio quer levar a onda colaborativa que tem crescido no Vale do Silício, com plataformas como Uber e Airbnb, para que autores e escritores. “A internet tem sido uma boa forma de unir as pessoas. Nossa meta é que compartilhando histórias e ideias pela internet, as pessoas possam construir coisas juntas “, afirmou.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.