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Um balanço da campanha na web

Responsáveis pelas campanhas digitais de Dilma, Serra e Marina Silva se reúnem em São Paulo

Por Fernando Martines
Atualização:

No segundo dia do MediaOn, evento de debates sobre o jornalismo online, a plateia lotou os 247 lugares do auditório do Itaú Cultural, em São Paulo, para saber um pouco mais sobre as estratégias digitais das campanhas dos três principais candidatos da eleição presidencial de 2010, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

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O jornalista Heródoto Barbeiro, da CBN, mediou as palestras e respostas de Caio Túlio Costa, primeiro ombudsman do Brasil (no jornal Folha de S. Paulo), que trabalhou na campanha na web de Marina Silva, de Marcelo Branco, chefe das campanha em redes sociais da vencedora Dilma Rousseff (PT) e ex-organizador da Campus Party, e de Soninha Francine (PPS), articuladora no mundo online de José Serra (PSDB).

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O primeiro a falar foi Marcelo Branco, que transformou os dez minutos de tempo livre que tinha em dezesseis (no que foi seguidos pelos outros debatedores). Branco afirmou que a repercussão desta eleição na web foi maior, pois já partiu de um ponto diferente de todas as outras.

“O marco dessa eleição foi a nova legislação”, afirmou Marcelo Branco. “Até antes dessa, os legisladores entendiam que a internet era um meio de massa como TV, rádio. E a partir da nova legislação, a internet foi entendida como sempre vimos: um espaço de expressão individual. E assim, é óbvio que ela não poderia ser tratada da mesma forma que os outros. E isso proporcionou um novo bloco de informação para o leitor, que antes só obtinha isso por meios tradicionais, como TV, rádio,  jornal.”

Como resultado do esforço de sua equipe e dessa nova forma de se informar, o coordenador da campanha petista citou alguns casos em que os eleitores de Dilma, motivados pela agitação que o braço digital da campanha fomentou, reagiu contra reportagens da mídia com a qual não concordaram.

“Em duas ocasiões, o protesto no Twitter foi tão grande — chegamos aos Trending Topics mundiais — que a Rede Globo emitiu notas sobre o assunto. Ou seja, fomos ouvidos”, disse. “E sem contar os virais, que surgiam e nós ajudávamos a replicar, como a capa da revista Época em que aparece a foto de Dilma quando foi presa. Isso rodou toda a web, das mais variadas maneiras, e o que era para ser algo negativo se tornou positivo, unindo os que estavam a favor da candidata.”

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Pega desprevenida (“Achei que seria apenas um debate”), Soninha Francine não preparou uma apresentação e passou seu tempo explicando como funcionou sua atuação na campanha online. Ela afirmou que não criou expectativas quanto a força da internet nestas eleições, por isso não se decepcionou com a relevância não tão abrangente que a web teve no pleito, em sua opinião.

“Eu mesma não acreditava muito no poder da internet na eleição, porque as pessoas tinham como exemplo na cabeça a campanha do Obama, mas aqui é muito diferente”, afirmou. “Lá, talvez o papel principal da internet foi para arrecadar fundos para Obama. Aqui, nosso comitê chegou a conclusão que não valeria a pena montar uma estrutura para arrecadar fundos pela web e a prática se confirmou, pois arrecadamos muito pouco pela internet.”

Indo na direção oposta de Soninha, Caio Túlio começou sua apresentação anunciando a proposta de seu discurso: “Quero aqui mostrar a todos vocês como a internet foi a responsável pela eleição ter ido para o segundo turno”. O jornalista e também professor de ética da Faculdade Cásper Líbero lembrou que Marina Silva liderou as buscas sobre candidatos no Google e o crescimento da participação de sua candidata nas redes sociais e nos comentários que eram gerados em torno dela, foram completamente associados ao seu aumento gradual de eleitores.

“O­­ Obama usou de forma tímida as redes sociais. O negócio dele foi o e-mail marketing. Nós, e todos os candidatos, usamos as redes sociais de forma muito mais intensa”, disse Caio Túlio. Ele terminou decretando que a campanha online de Marina abriu novas portas para as futuras eleições.

“Em 58 dias, no Brasil, nós conseguimos arrecadar R$ 170 mil de doações de pessoas pela internet. É, sim, muita coisa. Nós começamos, agora isso está estabelecido para as próximas eleições”.

O MediaOn continua nesta sexta-feira, 11, e terá cobertura aqui no Link.

—- Leia mais:Jornalismo digital em debate

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