Um livro em um mês

Projeto 'NaNoWriMo' convida participantes a trinta dias de 'abandono literário', trocando informações em um fórum online

PUBLICIDADE

Por Redação Link
Atualização:

Projeto ‘NaNoWriMo’ convida participantes a trinta dias de ‘abandono literário’, trocando informações em um fórum online

PUBLICIDADE

Lais Cattassini

SÃO PAULO – Em 1999, um grupo de 21 amigos em São Francisco, nos Estados Unidos, decidiu riscar “escrever um livro” da lista de coisas para se fazer antes de morrer. Eles firmaram um pacto. De 1º a 31 de julho, todos iriam se esforçar para montar uma história fictícia com 50 mil palavras, o que dá cerca de 100 páginas.

—- • Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+, no Tumblr e também no Instagram

O resultado, contam os criadores, não foi tão horrível quanto esperavam. Mesmo com obras sem qualidade de publicação, o que foi produzido na brincadeira foi “passável”. E o processo foi divertido.

Foi assim que surgiu o National Novel Writing Month (Mês Nacional de Escrever um Livro, em tradução livre), ou NaNoWriMo, um mês de “abandono literário” em que a internet se reúne para motivar, incentivar e compartilhar a experiência de escrever um livro em um mês.

Desde 2000, a segunda edição do NaNo, como os participantes chamam, o mês dedicado à escrita é novembro. A preparação, entretanto, começa muito antes.

Publicidade

FOTO: Reprodução 

Além dos preparativos individuais, que envolvem (ou não) a elaboração de personagens, trama e calendário de escrita, desde o início de outubro os participantes já são convidados a trocar informações no fórum do site e acompanhar a contagem regressiva pelo Twitter e pelos grupos específicos no Facebook.

Para facilitar a integração entre os que estão dispostos a enfrentar o desafio, os fóruns são divididos por regiões. No Brasil são mais de 1.500 inscritos, coordenados pelos participantes Fernando Aires, em São Paulo, e Luiza Monteiro, em Porto Alegre.

Monitoramento. O professor universitário Fernando Aires, de 31 anos, começou a participar do NaNo em 2009 e, no ano passado, se tornou “Municipal Liaison”, o responsável por uma região. Seu papel, ele conta, é organizar encontros, monitorar o fórum e divulgar a ação. “Todo mundo tem algo a dizer. Isso é inquestionável. Mas a maior parte das pessoas não sabe disso ou não se sente motivada a escrever”, ele incentiva.

Profissional da área de exatas, Fernando conseguiu alcançar o objetivo de escrever as 50 mil palavras em todos os anos desde 2009. “Para você atingir um objetivo é preciso uma motivação, uma meta e estar sem tempo para isso. Essa pressão ajuda a produzir”, conta.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Este ano o professor irá reescrever o primeiro livro que fez, preenchendo lacunas e editando o que acha que precisa ser modificado. Mas para os que ainda não sabem sobre o quê escrever, as discussões no fórum e as conversas com os participantes podem ajudar na inspiração. “É um espaço comunitário que ajuda em um trabalho solitário, que é a escrita”, afirma Fernando.

Assim como Fernando, a estudante de letras Luiza Monteiro, de 22 anos, também acredita que a internet facilita o alcance de um objetivo. “O Brasil é muito grande e sem uma cultura muito forte de literatura. Com isso, a internet acaba sendo o ponto de encontro principal”, explica. Esse é o terceiro ano em que Luiza irá participar do NaNo. “A melhor parte de tudo é a comunidade com um objetivo em comum”, afirma.

Para participar não é preciso muito. Basta a vontade de escrever um livro. O cadastro no site possibilita o controle da meta e, ao final do desafio, aqueles que conseguirem escrever as 50 mil palavras ganham um certificado. “O NaNo é benéfico para todo mundo, independentemente da área. O objetivo mesmo é a diversão. A recompensa é interior”, afirma Luiza.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.