VÍDEO: 'Somos uma empresa de tecnologia'; diz diretor do Spotify
Executivo diz que principal rival do serviço de streaming de música recém-chegado ao Brasil é a pirataria
Por Bruno Capelas
Atualização:
ENTREVISTA: Gustavo Diament, diretor geral do Spotify
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O Spotify acabou de revelar que tem 40 milhões de usuários e 10 milhões de assinantes no mundo. Quantos assinantes vocês gostariam de ter daqui a um ano aqui no Brasil? Acho que seria até leviano falar de números nesse primeiro momento. O Brasil traz uma expectativa enorme para o Spotify, pelo tamanho de seu mercado, pela relação com a música e pela capacidade de adotar a tecnologia que os brasileiros têm. Tudo vai depender da adoção inicial do serviço. Vamos focar na educação do consumidor sobre o que é o streaming, e porque o Spotify é a melhor delas. Não tenho dúvidas de que seremos bem-sucedidos, mas não podemos prever o que vai acontecer, até porque dependemos da qualidade das redes e do barateamento do preço dos smartphones. É difícil falar de números nesse momento.
Você declarou que o principal rival do Spotify é a pirataria, e que o brasileiro não está acostumado com streaming, mas os últimos novos artistas a surgirem no País tem amplo acesso no YouTube, que é um site de streaming. Como convencer o brasileiro a largar o YouTube? Há três pilares que sustentam o Spotify, que são o nosso diferencial. O primeiro é a ênfase no aspecto social, com integração com amigos e proximidade de celebridades e marcas. O segundo tem a ver com a personalização do serviço para cada usuário, e o terceiro é o aspecto editorial, de curadoria, montando playlists para todos os momentos do usuário, desde a hora que ele acorda ao jantar com os amigos. Temos investimento pesados e algoritmos para entender o que o nosso usuário quer escutar daqui a um minuto. Outra coisa importante é que o nosso sistema é otimizado para escutar música, enquanto o YouTube é um serviço de vídeo, que consome muito mais banda.
Há dúvidas sobre como o Spotify pode ser sustentável pagando 70% de seu faturamento aos artistas. Como é possível lucrar com isso? É preciso uma grande base de assinantes para ficar no azul? É importante lembrar que, em muitos países, o Spotify já se provou mais interessante que a pirataria, que não remunera ninguém. Outro importante é o da escala. Já retornamos US$ 1 bi para o mercado da música, metade disso só em 2013, e com muito menos mercados, e com uma base menor de usuários. Quando começamos a lançar em novos países e vemos novos números, vemos o potencial de retorno de receita para os pagamentos dos donos dos direitos. Um ponto que eu quero colocar é que, de 2012 para 2013, dobramos a receita, e a nossa perda cresce muito pouco. A economia de escala é um fator que existe na nossa indústria, e estamos no caminho da lucratividade, mas o importante hoje é aumentar a torta. A meta não é o market share, mas é fazer o mercado ser muito maior do que ele é.