O artista norte-americano Bill Guffey nunca andou pelas ruas de Londres, Nova York ou Barcelona. Nunca visitou os canais de Amsterdã, na Holanda, os vinhedos da França e muito menos viu o pôr-do-sol em Florença, na Itália. Isso não impediu, no entanto, que ele pintasse esses locais. Se para muitos a pintura de paisagens exige a presença do artista, para Guffey basta o Google. Assim como os mestres do passado, ele viajou o mundo inteiro pintando o que via. A diferença? Ele não tirou os pés de sua casa, no Kentucky.
‘Vincent Van Google’ – como o apelidou o jornal britânico The Sun, com habitual exagero – usa o Google Street View, uma extensão do Google Maps, como inspiração para suas obras. Em uma série, Guffey passeou por todos os estados americanos e fez uma pintura típica de cada região – a exceção foi o Havaí, que o Maps ainda não cobria.
Mulher no campo, na França.
“Como qualquer um, eu usava o Google Street View para perder tempo. Mas um dia eu passei por um restaurante chinês em Nova York e pensei que ele renderia um ótimo quadro. Pensei sobre isso e decidi pintar um local característico de cada estado americano. Depois, o mundo”, afirma Guffey, em entrevista ao Link
Barco no canal de Amsterdã.
Segundo ele, a decisão de usar o Street View e não – por exemplo – o Flickr se deu por causa da questão do copyright. “Nem todo o conteúdo deles está licenciado em Creative Commons, enquanto o Street View é todo livre”.
Além disso, ele pode ver uma cena de vários ângulos e escolher o mais adequado. “É como se eu andasse pelas ruas, parasse e escolhesse o melhor enfoque para aquela cena. Não gosto de trabalhar com o enquadramento de um fotógrafo, mas montar o meu”.
Bonde em Lisboa.
Para Guffey, o digital facilitou a vida dos artistas (“não tenho dinheiro e minha vida prática me impede de viajar”), mas não excluiu a importância do presencial. “Sou casado, tenho dois filhos e trabalho. Não posso ir a todos esses lugares. Mas, para falar a verdade, minha maior vontade é a de achá-los pelo Street View e depois pintá-los pessoalmente”.
