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Walmart compra Flipkart por US$ 16 bi e acirra competição com Amazon na Índia

Varejista americana vai adquirir 77% do Flipkart, maior site de comércio eletrônico do país asiático; empresa de Jeff Bezos tinha prometido investir US$ 5,5 bilhões no País

Por Redação Link
Atualização:
A Flipkart é hoje a maior empresa de e-commerce da Índia Foto: REUTERS/Abhishek N. Chinnappa

A batalha entre a varejista Walmart e a Amazon acaba de ganhar mais um capítulo: nesta quarta-feira, 9, a tradicional empresa americana anunciou que vai pagar US$ 16 bilhões para adquirir cerca de 77% da Flipkart, o maior site de comércio eletrônico da Índia. 

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É uma das maiores operações já feitas pela empresa fora dos Estados Unidos, em um mercado com bastante potencial: segundo o Morgan Stanley, em uma década o comércio eletrônico deve movimentar US$ 200 bilhões por ano. “O acordo será importante para levar o Walmart a crescimento e lucros no futuro”, disse o presidente executivo Doug McMillion, em uma chamada com investidores. 

Ao adquirir o controle da Flipkart, o Walmart vai bater de frente com a Amazon, que tem hoje cerca de 27% do mercado de e-commerce da Índia, de acordo com a consultoria Euromonitor. Em ocasiões anteriores, a empresa de Jeff Bezos se comprometeu a investir US$ 5 bilhões na Índia nos próximos anos, expandindo serviços como streaming e entrega de comida e mantimentos. 

Segundo McMillon, os departamentos de logística, pagamentos e venda de roupas da Flipkart podem oferecer oportunidades de crescimento e aprendizado para o Walmart como empresa global. Fundada por dois ex-funcionários da Amazon em 2007, a Flipkart começou vendendo livros, mas rapidamente diversificou seu portfólio, tornando-se, por exemplo, uma das principais responsáveis pela popularização dos smartphones da Índia.

“É um negócio que reafirma que há grandes oportunidades no varejo indiano”, disse Arvind Singhal, diretor da consultoria de varejo Technopak, dizendo que o negócio pode criar novas chances de investimento no setor. 

Fatias. Com a negociação, alguns investidores históricos da Flipkart deixaram a empresa com uma bolada nas mãos. É o caso da empresa sul-africana de tecnologia Naspers, da empresa americana eBay e do fundo Tiger Global, que já apostou em startups como 99 e Nubank – os três tinham fatias na Flipkart e faturaram, respectivamente, US$ 1,6 bilhão, US$ 1,1 bilhão e US$ 3 bilhões com a aquisição do Walmart, segundo fontes próximas ao assunto. 

Há ainda a possibilidade de um novo investidor entrar na operação – a Alphabet, holding que controla o Google. Segundo a agência de notícias Reuters, a gigante de buscas pode comprar uma fatia de 15% da varejista por cerca de US$ 3 bilhões. Caso essa manobra se confirme, o controle do Walmart deve diminuir, mas não substancialmente. O resto das ações da empresa ficará nas mãos do cofundador Binny Bansal, da chinesa Tencent e da Microsoft, que também já tinham investido na empresa. 

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Desconfiança. As ações do Walmart, porém, caíram, 3,1% no pregão desta quarta-feira – a aquisição foi vista com desconfiança pelo mercado, uma vez que a compra pode retirar entre US$ 0,25 e US$ 0,30 de lucro por ação neste ano fiscal. 

“Não saberemos por cinco ou dez anos se essa compra foi bem-sucedida, estrategicamente ou financialmente”, disse Steven Roorda, gerente de portfólio do fundo Stonebridge Capital Advisors. “O Walmart tem um retrospecto ruim atuando fora da América do Norte.” 

A aquisição também mostra um momento de reestruturação da estratégia global do Walmart pelo mundo – recentemente, a empresa vendeu sua participação na Grã Bretanha para o varejista local J Sainsbury, e também tenta negociar o controle de suas operações brasileiras para o fundo de private equity Advent. 

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