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WikiLeaks é bloqueado na China

Firewall chinês está bloqueando o site que vazou documentos da diplomacia dos EUA

Por Agências
Atualização:

A China, um dos países que mais controla a internet, não deu chances à última sensação online e bloqueou o site do WikiLeaks nesta quarta-feira, 1, em meio a declarações embaraçosas vazadas dos telegramas diplomáticos dos Estados Unidos publicadas na página.

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A tentativa de acessar o site weakleaks.orgcablegate.wikileaks.org gerava um aviso de que a conexão foi reiniciada, ou a página era redirecionada para o buscador chinês Baidu. Esta é a reação padrão quando a conexão com um site no exterior é bloqueada.

Os telegramas das embaixadas norte-americanas contêm conversas francas sobre figuras da China e seus aliados da Coreia do Norte.

Em uma das mensagens trocadas, um diplomata chinês é citado por descrever a Coreia do Norte como uma “criança mimada” por tentar chamar a atenção dos EUA com os provocativos testes de mísseis.

O representante da China nas negociações de desarmamento nuclear com seis países é descrito por um diplomata da Coreia do Sul como “um arrogante ex-militar do Guarda Vermelha, que só sabe citar Marx e não conhece nada sobre a Coreia do Norte ou sobre os tratados de não-proliferação”.

Outro telegrama revela detalhes de um plano de contingência da China para o caso de a Coreia do Norte cair — a existência dele deve causar atritos entre os dois aliados.

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Os vazamentos também alegam que a liderança do Partido Comunista da China, que governa o país, direcionou um ataque aos sistemas de computadores do Google, e estava preocupada com tentativas de empresas iranianas obterem detalhes sobre a tecnologia nuclear chinesa.

Não está claro quando foi imposto o bloqueio ao WikiLeaks. Um vasto número de sites são inacessíveis por causa do firewall chinês, incluindo o Facebook, o Twitter e o YouTube.

Sites de grupos de direitos humanos e de dissidentes políticos são banidos com frequência, embora usuários com mais habilidade conseguem facilmente enganar o bloqueio usando servidores proxy e outras alternativas.

O governo chinês adotou uma abordagem discreta sobre os vazamentos. O Ministério do Exterior disse que não comentaria nenhum caso específico dos telegramas.

“A China dá atenção à relatórios relevantes. Esperando que os EUA lidem corretamente com as questões relevantes. Quanto ao conteúdo, não vamos comentar”, disse o porta-voz do ministério Hong Lei na terça-feira.

Na quarta, o Global Times, um tabloide provocativo publicado pelo Partido Comunista da China, definiu o vazamento como uma “calúnia nefasta contra a China”.

O jornal também questiona porque os EUA não bloquearam a publicação dos documentos, dizendo que isso levanta questões sobre alguma forma de colaboração do governo norte-americano com o WikiLeaks.

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A Secretária de Estado Hillary Clinton tem afirmado que o WikiLeaks atuou ilegalmente ao publicar os documentos. Autoridades ao redor do mundo têm dito que o vazamento põe em risco a segurança nacional, a diplomacia, os serviços de inteligência e as relações entre governos.

Os vazamentos em massa foram “embaraçosos” e “desastrados”, mas as consequências para a política externa dos EUA deve ser limitada, afirmou o Secretário de Defesa Robert Gates na terça.

/ Christopher Bodden (ASSOCIATED PRESS)

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