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Sócio da Startse. Escreve mensalmente às terças

Opinião|A criatividade e os empregos do futuro

A tecnologia é ótima para lidar com muitos dados, repetição e busca de padrões. As pessoas, por sua vez, são fantásticas para interagir com imprevistos, lidar com situações novas e conviver com surpresa

Atualização:

Pesquisadores de Oxford concluíram que 47% dos empregos atuais podem ser automatizados até meados de 2030. Ou seja, um em cada dois postos de trabalho estão condenados. E não falamos só das ocupações menos especializadas. Os recentes avanços tecnológicos proporcionaram ganhos incríveis em todas as áreas que até as profissões mais nobres e bem pagas são desafiadas.

Por conta disso, o temor se instala. O que acontecerá com o trabalho de motoristas quando os carros forem autônomos? Ou de cozinheiros quando o preparo das refeições for automatizado? Ou de médicos quando as doenças forem diagnosticadas proativamente por sensores? Independente da atividade, parte dela – ou toda – será feita por robôs ou softwares nos próximos anos.

Robôsjá são usados para servir clientesem Budapeste Foto: Bernadett Szabo/Reuters

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Apesar dos requisitos profissionais terem evoluído ao longo do tempo, ainda mantemos a mesma mentalidade padronizada do passado. Em geral, definimos cargos baseados em tarefas e remunerações equivalentes ao número de horas trabalhadas nessas tarefas. Boa parte do mundo corporativo funciona assim. Essas escolhas geram dois efeitos colaterais. Primeiro, os empregos previsíveis serão rapidamente substituídos pela tecnologia, pois robôs de tarefas únicas são os mais fáceis de construir. E segundo, milhões de trabalhadores passaram a ter profissões repetitivas. Na maior parte do tempo, eles clicam em algo, leem roteiros e executam tarefas. Atuam mais como máquinas do que como humanos. Infelizmente, o emprego da maioria dessas pessoas sumirá em breve.

A tecnologia é ótima para lidar com muitos dados, repetição e busca de padrões. As pessoas, por sua vez, são fantásticas para interagir com imprevistos, lidar com situações novas e conviver com surpresas. Observe como a nossa espécie é fantástica nos fins de semana. Nesses dias, somos artistas, carpinteiros e muito mais. Mas, às segundas, voltamos ao cargo de analista júnior, especialista pleno ou gerente sênior de alguma coisa.

Esses títulos não apenas soam entediantes, como encorajam a realização de contribuições limitadas e pré-definidas. Grande parte das organizações abre vagas, procura profissionais e lhes diz o que fazer. Quando, na verdade, deveriam deixar essas pessoas falarem o que precisa ser feito. É uma mudança sutil, mas que faz toda a diferença. Ao estimular os indivíduos a serem menos repetidores e mais exploradores, podemos nos surpreender com seus feitos. Pois os empregos do futuro virão da mente dos analistas, especialistas e gerentes de hoje. Mas somente se dermos a liberdade necessária para construírem os trabalhos do amanhã. 

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Ao levar o fim de semana às segundas-feiras, poderemos destravar as pessoas para explorar o potencial criativo que possuem e desenvolver hábitos cada vez mais “humanos” em nossas profissões. *É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE

Opinião por Maurício Benvenutti
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