O Netflix é uma das grandes empresas dessa nova era. Em seu manual de cultura, um trecho do livro O Pequeno Príncipe é apresentado: “Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para coletar madeira, atribuir tarefas ou dar ordens. Em vez disso, ensine-as a desejar a imensidão do oceano.” Bonito, não? Mas, o que significa?
Uma das únicas regras do Netflix é não ter regras. Tudo é gerido com raríssimos controles. Para isso funcionar, há um foco monstruoso em só contratar talentos. Gente com desempenho adequado recebe uma generosa rescisão e vai embora. Não há espaço para medianos. O teste para manter alguém no time é: se um indivíduo lhe contasse que iria embora, você lutaria bravamente por ele? Duelaria com unhas e dentes para reverter isso? Se sim, a empresa vai tentar mantê-lo. Se não, esse empregado deve mesmo sair.
Para o Netflix, um ambiente de trabalho incrível é feito de colegas impressionantes. Por isso, o objetivo é ser um Dream Team onde todas as estrelas querem estar.
Quando um novo funcionário entra, ele passa a conviver com duas palavras: liberdade e responsabilidade. Por liberdade, entende-se que as pessoas são livres para executar o trabalho da forma como acham melhor. Cada indivíduo prioriza atividades, toma decisões e assume riscos. Já a palavra responsabilidade reforça que todos são conscientes dos seus atos. Ou seja, você trabalha como deseja, mas é responsável pelas suas ações. Em alguns períodos do ano, o Netflix compartilha a visão do negócio para os próximos meses. É uma espécie de guia. Com esse artigo em mãos, cada pessoa, em conjunto com seus pares, estabelece as próprias tarefas, objetivos e metas.
Não existe horário de trabalho. O empregado é avaliado pelos resultados, e não pelas horas trabalhadas. Também não há política de férias. Cada colaborador tira quanto tempo achar necessário. Além disso, em vez de possuir um setor para controlar gastos, a empresa só pede que as pessoas gastem o dinheiro da companhia como se fosse o delas.
Para o Netflix, um talento excepcional produz mais e custa menos do que dois indivíduos regulares. Dessa forma, o objetivo é só ter gente extraordinária, responsável e bem remunerada. Por isso, os salários são baseados no mercado. Normalmente, cada profissional é estimulado a fazer entrevistas em outras empresas, identificar o seu valor e usar essa informação para negociar o quanto deve receber. Incrível, não?
O Netflix, portanto, criou um modelo que privilegia pessoas antes de regras. Lá, reina a máxima de William McKnight, presidente da 3M por décadas: “contrate estrelas e as deixe em paz”. Indivíduos talentosos prosperam na liberdade e são dignos de autonomia. Não é preciso ensiná-los a construir um navio. Basta, simplesmente, inspirá-los a cruzar o oceano. *É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE