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A startup mais quente do Vale do Silício ajuda executivos limpar a caixa de e-mails

Avaliada em US$ 260 milhões e com investidores do porte da Andreessen Horowitz, Superhuman tem algoritmos e comandos para otimizar leitura com assinatura mensal de US$ 30

Por Kevin Roose
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O ano é 2019: os mais habilitados engenheiros do Vale do Silício estão escondidos em laboratórios, trabalhando em tecnologias transformadoras de última geração, como carros autônomos, moedas digitais e computação quântica. Enquanto isso, a startup mais quente do momento em São Francisco é… um assistente para limpar a caixa de e-mails? 

Há alguns meses, surgiu um burburinho sobre uma empresa chamada Superhuman. Somente para convidados, o serviço custa US$ 30 por mês e promete “a mais rápida experiência de e-mail já feita”. Pai do Netscape e investidor de risco, Marc Andreessen prometeu isso, assim como figurões da tecnologia como Patrick e John Collison, fundadores da Stripe. Há rumores de que o aplicativo tem uma lista de espera de mais de 100 mil pessoas.

Serviço da Superhuman tem fila de espera de 180 mil pessoas Foto: NYT

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“Nossos clientes são o quem é quem do Vale do Silício nesse momento”, disse o fundador da Superhuman, Rahul Vohra, em uma entrevista. A lista de espera, diz ele, tem na verdade 180 mil pessoas – e algumas delas estão ficando desesperadas. Há algumas semanas, um bolo sem glúten foi enviado ao escritório da startup por uma pessoa que esperava receber um convite. “Temos níveis insanos de viralização que não ocorrem desde o Dropbox ou o Slack”, disse Vohra. 

No mês passado, a Superhuman levantou uma rodada de investimentos de US$ 33 milhões, liderada pela Andreessen Horowitz, o fundo de risco do fundador do Netscape. O aporte a valorizou em US$ 260 milhões – uma elevada avaliação para um app que tem menos de 15 mil clientes, mas justificada pela devoção dos fãs da empresa. “A Superhuman é o futuro do trabalho”, disse David Ulevitch, sócio do fundo que liderou o aporte na startup. “Assim que comecei a usar, não conseguia conceber confiar em mais nada.” 

É fácil ficar cético com o discurso. Afinal, o Google já não resolveu o e-mail? Como uma startup pode cobrar algo por um app que já estava disponível de graça. É possível que a Superhuman seja um “Bem de Veblen”, um termo que economistas usam para produtos de luxo que funcionam como status para o risco. Então foi possível testar o serviço – e o entusiasmo é justificado se você pode gastar US$ 30 ao mês para colocar sua caixa de entrada em ordem. 

E como funciona?

 Não que seja um processo fácil. Primeiro, para se inscrever no Superhuman, é preciso responder um longo questionário sobre hábitos de e-mail e fluxo de trabalho. Se o acesso for aprovado, haverá uma sessão obrigatória em que um representante lhe dará um tutorial por meio de videoconferência – a duração pode chegar a até a uma hora de duração. Além disso, por enquanto o serviço só funciona com endereços do Gmail e do G Suite, a solução de email corporativa do Google. 

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Alguns dos recursos do aplicativo também não são inéditos, como receber uma notificação quando o destinatário abre o e-mail ou acessar automaticamente o perfil de um contato no LinkedIn. Mas há funções inovadoras, como “introdução instantânea”, que move o remetente de um e-mail de apresentação para “cópia oculta”, ou um recurso de agenda que se abre sozinha quando você digita um dia específico em uma mensagem. 

São recursos que atrairão a maioria de usuários avançados que passam dias e dias digitando em laptops ou PCs de mesa – o Superhuman tem um app para celulares, mas sua melhor funcionalidade requer um teclado. Vohra disse que o sistema foi feito visando pessoas que passam três horas ou mais, todos os dias, checando e-mails. “Se você faz isso, isso é o seu trabalho – e é preciso uma ferramenta que agilize isso para você.” 

Tela mostra como funciona o sistema da Superhuman Foto: Superhuman/NYT

Sistema tem comandos avançados, mas muito úteis 

Uma das promessas do Superhuman é que ele consegue ajudar seus usuários a vasculharem sua caixa de entrada até duas vezes mais rápido. Em parte, isso ocorre porque cada comando tem um atalho de teclado – o que significa que usuários experientes não precisam nem desperdiçar segundos para alcançar o mouse. Também acontece que o aplicativo é construído para a velocidade. Ele armazena informações localmente no navegador do usuário, em vez de recuperá-las do servidor do Google, o que reduz o tempo necessário para navegar entre mensagens. 

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Normalmente, não é fácil deixar a caixa de entrada limpa. Cada pessoa tem sua própria tática – muita gente prefere deixar e-mails se acumularem por meses, até começar uma limpeza movida pela culpa, na qual cada mensagem respondida começa com “desculpe pela demora.” Com o Superhuman, porém, é fácil evitar essa acumulação: convites para eventos e happy hours? Use “ctrl + –” para inserir uma resposta automática com uma desculpa esfarrapada, mas educada. Newsletter de hotel no qual se hospedou em 2014? Aperte “ctrl + U” para cancelar a inscrição. É como se checar o e-mail fosse jogar um videogame. 

Parte do apelo duradouro do e-mail é que ele é, pelo menos em teoria, administrável. Ao contrário do WhatsApp ou das redes sociais, que interrompem as pessoas ao longo do dia, o e-mail é assíncrono e controlado pelo usuário. Pode ser compartimentado e agendado, se encaixar no dia a dia em vez de assumir o controle. E é uma ferramenta decente para trabalhar, apesar do spam, do marketing e daquelas mensagens infinitas em que alguém resolve responder a todos de uma vez só. 

Para Vohra, o e-mail dominará nossas vidas por muitos anos. “É a única coisa que pertence à sua empresa, mas identifica você de maneira exclusiva, ao mesmo tempo que permite correspondência tanto interna quanto entre empresas”, disse ele. 

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Na verdade, o maior obstáculo do Superhuman pode ser que a maioria das pessoas não usem tanto o e-mail assim. Para usuários comuns, uma experiência de e-mail superpremium só valeria esse custo se o assistente lesse e escrevesse mensagens automaticamente, agendasse reuniões, pedisse o almoço e ainda fizesse o Imposto de Renda. Mas para quem é ocupado e pode gastar US$ 30 por mês, vale a pena ver o que há por trás da “corda de veludo” e conhecer a vida do 1% que tem a caixa de entrada limpa. / Tradução de Claudia Bozzo

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