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Acessórios e realidade virtual são os protagonistas no MWC 2016

Fabricantes apostam em acessórios e tecnologias de imersão para seguir faturando com smartphones

Por Bruno Capelas
Atualização:

AFP

 

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Nos últimos anos, o Mobile World Congress (MWC), principal congresso de tecnologia móvel do mundo, tem transformado em fevereiro a cidade de Barcelona, na Espanha, em um grande palco para o lançamento de novidades do mundo dos smartphones. Em 2016, não foi diferente, com destaque para o Galaxy S7, da sul-coreana Samsung, e o Mi5, da chinesa Xiaomi. No entanto, o visitante mais atento pôde reparar que a última palavra em celulares dividiu espaço com duas categorias normalmente relegadas ao segundo plano dos grandes eventos do setor: os acessórios para smartphones e os dispositivos de realidade virtual.

Quem liderou esse movimento foi a LG: em anos anteriores, a empresa apostou em telas curvas para chamar a atenção, mas em 2016 o G5, novo smartphone da marca, dividiu os holofotes com uma linha de módulos complementares. Eles podem turbinar o aparelho como uma câmera digital ou uma caixa de som Bang & Olufsen. A empresa apresentou ainda acessórios, como óculos, câmeras de realidade virtual e até um simpático robô em formato de bola que monitora sua casa, enquanto rola por aí. Ainda sem preço definido, eles devem chegar às lojas nos próximos meses por preços “razoáveis”, segundo prometeu a sul-coreana.

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“Simplesmente melhorar o que já existe não fará nossos consumidores acharem que somos únicos”, disse Juno Cho, diretor da área móvel da LG à agência de notícias Reuters. “Hoje,é preciso criar valor com algo completamente diferente para atrair o interesse”. Para o professor de comunicação digital da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Eduardo Pellanda, a aposta funcionou. “É difícil agradar a todo mundo com um aparelho só, uma vez que são muitos os motivos e os usos de um celular hoje. A LG jogou bem: criou um celular para as massas e, com as peças complementares, busca atender os nichos específicos”, diz.

A sul-coreana não foi a única: a japonesa Sony, por sua vez, apresentou o Xperia Ear, um fone de ouvido “de uma orelha só” que funciona como assistente pessoal, além de protótipos de um projetor que transforma qualquer parede em uma tela sensível ao toque e um assistente pessoal que reconhece voz e gestos do usuário.

Substituto. Mais do que simplesmente criar novos produtos, há uma razão bem simples para que as empresas olhem para o mercado de acessórios: ele pode ser uma nova fonte de receita num momento em que as vendas de smartphones começam a se estabilizar. Em relatório sobre as vendas de smartphones divulgado em janeiro deste ano, a consultoria IDC apontou “forte saturação” em mercados como Estados Unidos, China e países europeus.

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Além disso, há a sensação de que os novos smartphones têm tido inovações apenas incrementais em relação aos modelos anteriores. “Estamos chegando ao limite da evolução do smartphone”, acredita Pellanda. “Talvez a evolução esteja na periferia, nos acessórios do aparelho e não em sua estrutura em si”, aposta o professor. Outro fator que merece destaque no “investimento” das fabricantes em acessórios é o fato de que a última cartada dessas empresas para “substituir” os smartphones não deu muito certo: os eletrônicos para vestir.Antigas vedetes do MWC, as pulseiras e relógios inteligentes tiveram pouquíssimos lançamentos durante a edição deste ano da feira de Barcelona.

“É difícil pensar em algo que deixe o smartphone obsoleto. Os relógios inteligentes só servem para quem não quer ter o trabalho de tirar o telefone do bolso”, avalia Oliver Roemerscheidt, diretor de tecnologia da consultoria GfK.

Filme você mesmo. Outra tecnologia que pode substituir os smartphones– ao menos em termos de receitas para as fabricantes – é a realidade virtual. Durante o evento,a fabricante de celulares chinesa HTC - que tem enfrentado problemas em seu negócio de smartphones – mostrou a versão definitiva do Vive, óculos desenvolvidos em parceria com a produtora de games Valve. A LG, por outro lado, lançou o LG 360 VR, dispositivo de realidade virtual que funciona conectado,via cabo USB,ao G5. Ambos vão disputar mercado com o Gear VR, da Samsung, e o Oculus Rift, que chega no fim de março por US$ 599.

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No entanto, se o caminho para os dispositivos de realidade virtual (também chamado de VR) já parece bem traçado, o MWC 2016 mostrou uma série de apostas na criação de conteúdo em vídeo 360 graus. LG e Samsung apresentaram simpáticas câmeras esféricas capazes de captar imagens “imersivas” em movimento.

As fabricantes tentam compensar a falta de conteúdo em realidade virtual, que ainda não é suficiente para convencer o consumidor a investir alto em óculosespeciais.“O usuário comum vai consumir muita realidade virtual, mas não vejo motivo para ele produzir esses vídeos. Ele vai tirar uma selfie em 360 graus para retratar toda a turma no churrasco? Parece improvável”, avalia Pellanda.

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