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Saiba como a relação entre a ficção científica e a inovação moldam o futuro da tecnologia

Enquanto criadores buscam base na tecnologia dos dias de hoje, cientistas e empresas se inspiram em livros, séries e filmes 'futuristas'

02/04/2017 | 05h00

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 Por Bruno Capelas - O Estado de S.Paulo

O computador de bordo de ‘Star Trek’ inspirou assistentes pessoais inteligentes como a Alexa, presente no Amazon Echo

NBC

O computador de bordo de ‘Star Trek’ inspirou assistentes pessoais inteligentes como a Alexa, presente no Amazon Echo

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  • Assistente pessoal ainda é promessa para o futuro

Um smartphone capaz de escanear sua íris em vez de pedir uma senha. Um relógio que se conecta à internet e registra todos os seus passos. Um óculos que projeta imagens interativas sobre o mundo real. Carros que dispensam o motorista. Se o noticiário recente de tecnologia por vezes parece saído de um filme ou livro de ficção científica, não é mera coincidência. A ficção científica e a tecnologia são áreas que se retroalimentam, em um namoro saudável que já dura mais de um século.

É difícil precisar o início da ficção científica como gênero literário – a maioria dos especialistas no assunto costuma situar esse marco na segunda metade do século XIX, com autores como Júlio Verne e H.G. Wells e suas narrativas sobre viagens no tempo ou à Lua, submarinos nucleares e até mesmo expedições ao centro da Terra. Desde então, tornou-se lugar comum dizer que a “ficção científica é capaz de prever” descobertas e avanços tecnológicos. Não é bem assim. 

Sem previsão. “Escritores como William Gibson e Arthur C. Clarke já disseram que a função deles nunca foi prever nada. Isso é uma tarefa de futurologistas”, diz Adriano Fromer, diretor editorial da Aleph, editora brasileira especializada no gênero. Há quem acredite que a ficção e a inovação sejam frutos da imaginação. “É possível imaginar que escritores seriam ótimos inventores, se preferissem desenvolver tecnologias em vez de escrever”, diz Dave Maass, pesquisador da Electronic Frontier Foundation, entidade norte-americana de defesa de direitos digitais.

No entanto, dizem os especialistas, se algumas previsões parecem acertadas, muitas delas passam longe da verdade – um exemplo citado por Fromer é o livro Neuromancer, de William Gibson. Responsável por cunhar o termo “ciberespaço”, que moldou a internet como conhecemos hoje, o livro imagina um futuro onde todos podem se conectar a uma rede como a internet por meio de… orelhões.

Por conta de “furos” como esse, se tornou comum a colaboração entre cientistas e produtores de conteúdo. Lançado há duas semanas, o game Mass Effect: Andromeda, situado em 2819 e cheio de viagens espaciais, por exemplo, tem uma parceria com a Agência Europeia Espacial. “Se você quer entender como é viver no espaço, precisa conversar com um astronauta”, diz Fabrice Condominas, produtor do game. 

A estrada entre essas duas áreas, porém, é uma via de mão dupla: a equipe responsável por Mass Effect, por exemplo, já ajudou astronautas a aprimorarem seus trajes espaciais com base nos figurinos de personagens do jogo. “É uma forma da agência não criar uniformes feios”, brinca o desenvolvedor.

9 vezes em que a ficção científica e tecnologia estiveram muito próximas

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2001 - Uma Odisseia no Espaço

Foto: United Artists

Uma tela onde se pode ler notícias era um dos 'truques' de 2001 - Uma Odisseia no Espaço, filme de 1968 de Stanley Kubrick que é uma das principais inspirações para cientistas e empresas de tecnologia hoje em dia

iPad

Foto: Apple

O Newspad, nome do aparelho no filme de Kubrick, acabou inspirando o iPad, da Apple

Star Trek

Foto: NBC

O computador de bordo da Enterprise, a nave de Star Trek (Jornada nas Estrelas, para os mais antigos) inspirou muitos cientistas

Alexa

Foto: Amazon

Entre eles, está Jeff Bezos, cofundador da Amazon, que já disse que a assistente pessoal Alexa é o seu sonho de ter o computador de Star Trek. Bezos é tão fã da franquia que já fez até uma ponta em Star Trek - Além da Escuridão, filme de 2016. 

Minority Report

Foto: Fox/Dreamworks

No filme Minority Report - A Nova Lei, Tom Cruise usava um PC cuja tela era projetada em qualquer lugar. 

Hololens

Foto: Microsoft

O conceito acabou inspirando a realidade aumentada, tecnologia presente no Hololens, óculos da Microsoft

Black Mirror

Foto: Netflix

A atmosfera de "necessidade de aprovação" presente em redes sociais como o Facebook foi motivo de crítica na série Black Mirror

De Volta Para o Futuro

Foto: Universal Pictures

Em De Volta para o Futuro, há um skate voador e tênis que se amarram sozinhos... 

Tênis

Foto: Nike

O primeiro ainda não existe, mas o segundo já foi feito pela Nike

Dick Tracy

Foto: Chester Gould

Um dos mais famosos detetives dos quadrinhos, Dick Tracy tinha um relógio inteligente... 

Apple Watch

Foto: Apple

Cujo design inspirou os dispositivos vestíveis, como o relógio inteligente Apple Watch, lançado pela Apple em 2014

Ear Shells

No livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, e no filme homônimo, de François Truffaut, os personagens usam "ear shells", fones de ouvido em formato de concha para escutar a determinados conteúdos... 

Fones de Ouvido

Foto: Apple

... que lembram muito os nossos atuais fones de ouvido, como os clássicos fones brancos que acompanham iPod e iPhones da Apple, por exemplo

Viagem à Lua

Foto: George Meliés

O filme Viagem à Lua, de George Meliés, baseado nos livros de Júlio Verne, mostra... uma viagem à Lua, no início do século XX

Conquista da Lua

Foto: NASA

... finalmente realizada pelo homem seis décadas depois, quando Neil Armstrong colocou os pés na Lua em 1969. 

Blade Runner

Foto: Warner Bros.

Em Blade Runner, filme clássico dos anos 1980 do diretor Ridley Scott, os personagens conversam através de videochamadas

Skype

Foto: Microsoft

Que, nos anos 2000, seria transformada em realidade por softwares como o Skype. Hoje, conversar em vídeo é uma das tarefas mais comuns da internet. 

Inspiração. Diversos executivos de tecnologia já declararam publicamente o papel que a ficção científica tem no dia a dia em suas empresas. Para Jeff Bezos, fundador da Amazon, a assistente pessoal Alexa é o seu sonho de ter os computadores de Star Trek virando reais – Bezos é tão fã da saga que até fez uma ponta em Star Trek – Além da Escuridão, de 2016.

No Google, o universo do Sr. Spock também influenciou mentes. “No início do Google, nós pensávamos em Star Trek e dizíamos: esta é a ferramenta de busca definitiva”, diz Ben Gomes, vice-presidente de buscas da gigante de tecnologia, que está na empresa desde 1999. “Hoje, estamos próximos de tornar isso realidade.”

Recentemente, o fundador e presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, se inspirou no “mordomo virtual” de Homem de Ferro, o Jarvis, para criar um assistente pessoal para sua casa. Em dezembro de 2016, ele chocou a internet ao divulgar um vídeo em que interagia com o assistente, dublado pelo ator Morgan Freeman. A reação foi tão grande que Zuckerberg teve de dizer que o sistema era apenas uma simulação em desenvolvimento. 

Sonho de criança. À primeira vista, é fácil imaginar que as grandes invenções da atualidade não passam de “brinquedinhos” ou sonhos de infância de executivos já bem adultos. Para o escritor britânico Brian Clegg, autor de mais de 20 livros sobre ciência e tecnologia, “todos os grandes homens são aqueles capazes de criar em cima de seus sonhos de juventude”. Mais que isso, porém, a ficção científica é responsável por levar crianças e jovens, desde cedo, a explorar as possibilidades da ciência e tecnologia.

É o caso do Fernando Osório, de 50 anos, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo em São Carlos. Ainda adolescente, na década de 1980, Osório tentou criar seu primeiro programa de reconhecimento de voz em um computador Apple II após assistir 2001 - Uma Odisseia no Espaço, do diretor Stanley Kubrick. “Eu queria fazer uma máquina inteligente. Isso me levou a seguir uma carreira toda em inteligência artificial, desenhando carros e caminhões autônomos”, conta Osório. “É um trabalho concreto, mas por trás disso há um sonho de adolescente.”

Produto ‘da ficção’ é mais fácil de vender

A indústria da tecnologia tem outro motivo para se aproximar da imaginação ao criar produtos: o fetiche do consumo. Em 2015 e 2016, houve uma febre de skates elétricos – gerada por conta da recente celebração de 30 anos do filme De Volta Para o Futuro, cujo protagonista levitava em um skate voador e tinha sapatos que se amarravam sozinhos.

Aproveitando a onda, a Nike criou calçados que se ajustam aos pés do usuário – uma tecnologia divertida, mas cara. “Quando você idealiza um produto e consegue criá-lo, a venda baseada na ficção facilita muito”, diz Fernando Osório, da USP de São Carlos.

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