Base Curricular não contempla programação

Após consulta pública em março, programaçãocontinuou fora docurrículo obrigatório em escolas públicas

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Por Matheus Mans e Giulia Costa
Atualização:
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No final de março, encerrou-se a consulta pública para a Base Nacional Comum Curricular, o documento que define diretrizes e disciplinas escolares em todo o Brasil. Ao contrário de países como Reino Unido e Finlândia, o País ainda não definiu a programação como um componente curricular obrigatório.

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De acordo com o novo documento, as escolas devem apenas incentivar o uso de “tecnologia digital” como um tema integrador de todas as disciplinas. Essa definição, para especialistas, ainda está muito longe de ser um incentivo para o uso mais homogêneo e inovador da programação.

“Não existe, de fato, política pública sobre o ensino de programação no Brasil”, diz a coordenadora pedagógica do CDI, Bruna Nunes. “O pior ponto, ainda, é que a Base não incentiva a criação de tecnologia, mas apenas o uso dela.”

As diretrizes do documento não incentivam que a tecnologia seja usada de uma maneira lúdica ou criativa, descrevendo-a apenas como ferramenta de suporte. “As escolas públicas, em vez de usar um software pronto para ensinar educação financeira, deveriam ensinar a desenvolver um aplicativo ou programa para isso”, complementa Bruna.

Além da falta de capacitação de professores, o motivo para tal demora em inserir programação no ensino básico é a precária infraestrutura encontrada em todo o Brasil. Muitas escolas nem ao menos possuem conexão com internet.

“Estou tentando implementar ensino de programação no interior do Mato Grosso do Sul e está muito difícil”, afirma o pesquisador Alexis Leal. “Não tem conexão com internet e as crianças não estão acostumadas com a linguagem, mas não podemos desistir.”

O ensino de programação, até o momento, está a cargo de iniciativas independentes e de prefeituras. “Existem alguns movimentos bem fracos e espalhados pelo Brasil”, afirma Leal. “Iniciativas assim são boas. Mas seria melhor se o governo federal apoiasse o ensino de programação, como é visto em todo o mundo.”

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