Bradesco e Itaú lideram aporte de US$ 15 mi na fintech Quanto

Startup fundada em 2016 cria infraestrutura para que diferentes empresas do setor financeiro possam aproveitar as vantagens do open banking, enquanto dá controle a usuário sobre os seus dados

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Por Bruno Capelas
Atualização:

Previsto para começar a operar no Brasil nos próximos meses, o open banking deve causar uma revolução no sistema financeiro nacional. Não é à toa: com a promessa de permitir que as pessoas possam compartilhar suas informações com quaisquer instituições que desejarem, o sistema pode aumentar a competição em diferentes serviços e até mesmo mudar a maneira como clientes e bancos se relacionam. Mas, para isso funcionar, é preciso que as conexões entre as instituições estejam bem azeitadas – e é de olho nisso que Itaú e Bradesco, os dois maiores bancos privados do País, lideram uma rodada de aportes de US$ 15 milhões na fintech Quanto, anunciada nesta quarta-feira, 16. 

Fundada em 2016, a empresa tem como missão ser a fornecedora de infraestrutura para que bancos, fintechs e outras empresas que tenham produtos financeiros possam trocar informações de forma fácil. “Hoje, quando alguém quer cotar um financiamento de carro, precisa preencher formulários em diferentes bancos. Com o open banking, bastará alguns cliques para fazer essa análise de crédito”, explica o presidente executivo da empresa, Ricardo Taveira. “Nós somos os responsáveis por ligar esses pontos e traduzir as informações, por exemplo, entre extratos de bancos diferentes.” 

Ricardo Taveira, da Quanto: open banking vai reforçar relação de confiança entre cliente e banco Foto: Tiago Queiroz/Quanto

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Além de Itaú Unibanco e Bradesco, participaram da rodada ainda os fundos Kaszek Ventures e Coatue. “A missão da Quanto de trazer mais equilíbrio aos serviços financeiros é extremamente necessária tanto no Brasil quanto de maneira geral na América Latina”, disse Santiago Fossatti, sócio da Kaszek Ventures, por meio de nota. O investimento do Bradesco foi realizado pelo braço Inovabra Ventures, enquanto o do Itaú foi realizado diretamente – e, por isso, está sujeito à aprovação do Banco Central (BC). 

Com os recursos, a Quanto vai investir em expansão de equipe – tem 45 pessoas hoje e quer dobrar o time até o final do ano, apostando principalmente na área de tecnologia. “É uma área crítica da empresa: afinal, se tivermos uma falha, não somos só nós que vamos ter problemas, temos uma responsabilidade séria”, diz Taveira, que passou por fundos como Monashees e e.Bricks antes de fundar a empresa. 

Para faturar, a Quanto cobra uma licença das empresas que quiserem receber os dados de usuários – o modelo, conhecido no mercado como software como serviço, tem remuneração variável de acordo com a quantidade de dados trafegados e também de usos diferentes. Segundo Taveira, os valores de contratos com os parceiros, que incluem bancos tradicionais e também bancos digitais, variam entre a casa dos milhares e dos milhões de reais por mês. 

Já as pessoas comuns não tem nenhuma cobrança – e podem utilizar o aplicativo ou o site da empresa para fazer o controle de consentimento sobre o compartilhamento dos dados. “Muitas vezes, uma pessoa cota um financiamento com várias instituições, mas fecha só com uma – logo, as outras não devem ter mais os dados. Vamos permitir que esse controle seja feito de forma fácil”, explica o executivo. 

Enquanto o open banking não entra na prática no Brasil, Taveira afirma ainda que sua empresa permite aos clientes já testar como será essa nova realidade e fazer ajustes necessários. Um exemplo, segundo ele, é como lidar com comprovação de renda quando o usuário tem conta em dois bancos diferentes – um fenômeno comum, é de quem mantém a conta em um banco tradicional ao mesmo tempo em que testa um banco digital. “É preciso fazer as instituições conversarem, porque senão corre-se o risco de não conseguir ceder crédito ou fornecer um produto a alguém só porque parece que ele não tem renda”, afirma. 

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Na visão dele, a maneira como os bancos vão se relacionar com os clientes vai mudar no futuro, servindo como um “concierge de serviços”. Um cliente que desejar comprar moeda estrangeira poderá ligar ao gerente e pedir ajuda não para fazer câmbio no banco, mas para encontrar a melhor cotação possível. “No fim das contas, o que vai ficar é uma relação de confiança. É algo que a Amazon soube fazer muito bem no varejo”, diz. 

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