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Centros criados para startups se multiplicam no País 

Google Campus e Cubo, do Itaú, já levaram R$ 110 milhões às novatas em investimentos; Facebook, Bradesco e BB também terão seus espaços

Por Bruno Capelas
Atualização:
Silêncio!Sala da Vaca Amarela, no Campus, onde visitantes podem focar em suas tarefas Foto: Masao Goto Filho/Estadão

Mesas coloridas e desarrumadas, salas com nomes “criativos” e cafés descolados ao lado de grandes marcas. É esse o ambiente de lugares como Cubo, do Itaú, e o Google Campus, centros criados em São Paulo por grandes companhias para abrigar startups. Nos últimos dois anos, eles ajudaram empresas inovadoras a receber mais de R$ 110 milhões em investimentos, segundo levantamento feito pelo ‘Estado’. Há mais por vir: em 2018, esse tipo de espaço vai se multiplicar no País. 

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Recentemente, Facebook e Bradesco anunciaram que vão abrir nos próximos meses os seus próprios prédios, o Estação Hack e o Habitat, respectivamente. Ambos vão ficar na região da Avenida Paulista. O foco do Facebook será a capacitação de desenvolvedores e empreendedores: no Estação Hack, haverá três salas de aula, com 40 vagas, e serão oferecidas 7,4 mil bolsas de estudos em diferentes cursos, entre programação, marketing digital, planejamento de carreira e administração de empresas. 

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Já o Bradesco deve ter 10 mil quadrados para hospedar startups e outros atores do ecossistema, como fundos e investidores, em um perfil parecido com o do Cubo, em espaço de trabalho compartilhado (coworking). Não é só: segundo apurou o Estado, o Banco do Brasil divulgará iniciativa similar em outubro. Mesmo sob recuperação judicial, a Oi abriu um espaço no Rio de Janeiro há duas semanas. 

Além disso, o Cubo vai quadruplicar de tamanho: seu novo prédio, na mesma Vila Olímpia em que está hoje, terá 21 mil metros quadrados, contra os atuais 5 mil metros quadrados, e poderá atender 210 startups a partir do 1º semestre de 2018 – hoje, tem 54. Atualmente, cada empresa paga à entidade cerca de R$ 1 mil por estação de trabalho no local, segundo o banco – que não revela o valor investido no novo Cubo. 

Além do banco Itaú, o Cubo é tocado pelo fundo de investimentos Redpoint eVentures, e tem parceiras com empresas como Mastercard, Rede, Microsoft e Gerdau Foto: Masao Goto Filho/Estadão

Justificativa. Visitar esses espaços é algo que qualquer pessoa pode fazer, mas para fincar suas bases neles, as startups passam por seleções rigorosas. “Quem passa por eles ganha um selo de qualidade”, diz Maria Rita Spina, diretora executiva da Anjos do Brasil, principal associação de investidores anjo do País. Além do acesso a investidores e grandes empresas, que podem se tornar clientes no futuro próximo, os empreendedores também buscam conteúdo e mentoria. 

Para empresas tradicionais, construir centros para startups é uma forma atraente de se manter próximo à inovação. “Nossos executivos viajavam muito ao Vale do Silício. Criamos o Cubo para trazer as provocações para perto”, diz Lineu Andrade, diretor do banco Itaú para o Cubo. 

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Já para empresas de tecnologia como Google e Facebook, nascidas como startups, criar tais espaços é um jeito de continuarem “frescas”. “Pelo crescimento que tiveram, essas empresas hoje são corporações cheias de processos”, diz Maria Rita. Além disso, os centros também ajudam as gigantes a melhorarem sua imagem por aqui e também mostrarem seus produtos para as startups, engordando sua lista de clientes. 

Densidade. No Vale do Silício, Meca das startups, achar espaços mantidos por grandes companhias é difícil. Lá, como o ecossistema é bem mais maduro, a ajuda de marcas fortes não é tão necessária. Fora dos EUA, porém, elas se tornaram vitais para fomentar a colaboração entre diferentes startups. 

Para Rogério Tamassia, presidente executivo da aceleradora Liga Ventures, a profusão de espaços em São Paulo mostra que a cidade já é um “hub” na América Latina. “A proximidade entre atores é um fator vital para desenvolver um ecossistema”, explica. A posição não é unânime: “ainda vejo SP em estágio inicial como centro global”, diz Barrence, do Campus. 

Hoje, o executivo já planeja como lidar com o crescimento que espera para o futuro. “Teremos de ser capazes de ajudar startups em estágio avançado, discutindo temas como internacionalização”, diz. “Será algo especializado, mas relevante.” 

Para Matos, da Startup Farm, a profusão de espaços, porém, corre o risco de saturar o mercado – e até gerar o efeito oposto ao desejado. “Antes, um centro desses concentrava ‘todo mundo’ lá”, explica. “Quando ocorre uma descentralização, há o risco das iniciativas se separarem e surgirem problemas para criar diálogos.”

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