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Sócio da Startse. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Clubhouse repete a história de outros serviços digitais

Há grandes chances de essa rede se consolidar entre as principais do mundo

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Atualização:

Sempre que algo surge, a história se repete. Em 1995, muitos diziam: “A internet é uma moda passageira”. Em 2006: “O Facebook é só para estudantes”. Em 2012: “O Instagram é apenas para a criançada”. Em 2015: “O LinkedIn só serve para procurar emprego”. Em 2019: “O TikTok só tem dancinhas”. Em 2021: “O Clubhouse não vai durar”. É incrível como boa parte das pessoas tende a negar as novidades em vez de aprofundá-las.

Certamente, você já conhece essa rede social baseada em áudio que captou a nossa atenção nas últimas semanas. O app surpreende em vários aspectos. A falta de atrito é um deles. Usá-lo é muito simples. A sensação de “intimidade” é outro. Parece que você está do lado das pessoas, escutando elas falarem ao redor da mesma mesa. Mas há um elemento que diferencia o Clubhouse das demais redes: a voz. Lá, não importa se você tem um corpo bonito, textos “matadores” ou fotos paradisíacas. A fala é a sua única arma para atrair o público. Sem conteúdos de qualidade, dificilmente alguém evoluirá na plataforma.

Há um elemento que diferencia o Clubhouse das demais redes: a voz Foto: Bruna Arimathea/Estadão

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Além disso, na medida em que a sociedade está cada vez mais ocupada, o tempo se tornou valiosíssimo. Pegue um vídeo, por exemplo. Ele ocupa ativamente o seu dia. Basta lembrar de quando você assiste ao YouTube. Normalmente, seus olhos ficam grudados na tela. Um áudio, pelo contrário, é incrivelmente passivo. Rádio, podcast, música são consumidos enquanto fazemos outras coisas. Tudo se baseia, então, em economizar tempo. O Uber fez isso. O Netflix também. Gostamos de soluções rápidas que valorizam nossas horas, minutos e segundos. E o áudio combina demais com velocidade. Prova disso é que em 2020, pela primeira vez na história, mais de 100 milhões de americanos escutaram pelo menos um podcast por mês. Loucura, não?

Observe a ascensão dos assistentes de voz. Em média, falamos 150 palavras por minuto. Porém, digitamos só 50. Hoje, posso pedir para a Alexa apagar as luzes, ajustar o ar e programar o alarme, por exemplo. Mas também posso fazer isso com uma única expressão: “Boa noite, Alexa”. O tempo economizado pode ser pequeno, mas muda consideravelmente as expectativas de quem usa. Quando você imaginaria que esticar o braço para desligar o abajur, girar o termostato para regular o ar e pegar o celular para acionar o alarme poderia ser a rota mais difícil e lenta? Agora, um “Boa noite, Alexa” resolve isso.

Voltando ao Clubhouse: sim, cópias vão aparecer. Sim, outras empresas podem incorporá-lo. Sim, talvez não dure. Mas há grandes chances de essa rede se consolidar entre as principais do mundo. Se isso ocorrer, quem negá-la ficará para trás. Quem aprofundá-la largará na frente. Assim como em todas as inovações quando surgem.*É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE

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Opinião por Mauricio Benvenutti
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