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Com ajuda de blocos de montar, Google quer ensinar programação para crianças

Project Bloks, recém-anunciado pela empresa, é plataforma de código aberto para introduzir conceitos como repetições e sequências para os pequenos

Por Bruno Capelas
Atualização:
Crianças poderão criar sistema de comandos em sequência com plataforma. Foto: Divulgação

Ensinar programação para crianças com a ajuda de blocos de montar, que podem assumir diferentes combinações em ordem para criar brincadeiras variadas. Essa é a premissa por trás do Projekt Bloks, plataforma em código aberto lançada pelo Google nesta segunda-feira, 27, em parceria com a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

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“É difícil ensinar programação para crianças usando instrumentos criados para adultos, como telas e mouses. Os blocos podem levar a criança a um aprendizado lúdico de conceitos complexos de explicar na tela”, diz João Wilbert, brasileiro que trabalha no projeto dentro do laboratório Google Creative Labs. 

Projeto de pesquisa iniciado há três anos pelo Google, o Bloks é uma iniciativa para inspirar desenvolvedores, designers e educadores a tentar criar novas formas de explicar a programação para as crianças. “Queremos ser o primeiro passo da programação, antes mesmo do Scratch”, explica Wilbert, fazendo referência à linguagem de código que ensina comandos básicos com a ajuda de um simpático gatinho.

Para o brasileiro, a utilidade do aprendizado de programação vai muito além do conhecimento técnico, o que justifica o ensino para crianças desde os primeiros anos da idade escolar. “É algo tão importante quanto aprender a ler e escrever: com a programação, a criança é ensinada a resolver problemas e desenvolver soluções diferentes”, diz Wilbert.

 Foto: Divulgação

Funcionamento. Para conseguir fazer isso, o Bloks divide seu conceito em três peças básicas: pucks (“botões”, em tradução literal), base boards (“placas-base”) e brain boards (“placas cerebrais”). Os pucks são botões de comando, que podem peças como um interruptor, um botão de volume ou uma seta indicando uma direção. “São peças que podem ser feitas com qualquer material, como papel, madeira ou metal”, diz o brasileiro. 

Cada “puck” pode ser conectado a uma “base board”, peça que é capaz de ler e interpretar as informações dadas pelo botão – o sistema deve ser predefinido pelo usuário antes de começar a ser utilizado. (No caso da utilização em escolas, por exemplo, os professores podem predefinir o que cada peça faz e dar um conjunto de peças aos alunos para que eles resolvam um problema específico.) Por fim, os brain boards são o “cérebro” do conjunto: fornecendo energia e conectividade para o resto do conjunto, eles possuem uma unidade de processamento principal. 

No vídeo de introdução do projeto, é possível ver como as peças se encaixam para dar comandos a um robô com um lápis ou criar um sistema que liga uma lâmpada quando a temperatura cai. “Queremos um sistema de baixo custo e que possa ser reaproveitado”, afirma Wilbert. Por se tratar de um protótipo (e não de um produto em si), o Bloks não tem preço definido nem data de lançamento prevista. 

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Participação. Nesta segunda-feira, 27, além de divulgar a iniciativa, o Google também abriu as inscrições para interessados em participar do Bloks conhecerem mais sobre o projeto. “Queremos ver como designers e desenvolvedores podem nos ajudar a criar uma nova geração de experiências”, diz o mineiro Wilbert, que começou sua carreira na área de comunicação social e há quatro anos trabalha no Google Creative Labs. 

Segundo Wilbert, esta nova fase do Projekt Bloks também terá testes com grupos de crianças, para medir seus reais impactos na educação – o projeto é baseado em teorias construtivistas de pedagogos como Jean Piaget e Maria Montessori. “Queremos entender como um professor poderá usar o nosso kit na sala de aula. Quantos kits eles vão usar? Para que atividades? Assim saberemos os próximos passos do projeto.”

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