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Com impressora 3D, brasileiros salvam animais feridos

Grupo Animal Avengers salvou mais de 14 animais em apenas um ano; preço da prótese fica em torno de R$ 14

Foto do author Matheus Mans
Por Matheus Mans
Atualização:
Freddy, o jabuti, teve todo o seu casco comprometido após um incêndio. O Animal Avnegers, então, imprimiu um novo casco em 3D e um designer gráfico pintou a nova proteção do jabuti para parecer, ainda mais, com um casco real. Foto: Divulgação

Com o nome de Animal Avengers (Vingadores dos Animais, em tradução livre), um grupo de seis pessoas poderia ser confundido facilmente com o time de heróis da Marvel. A equipe, porém, não conta com o Hulk ou com o Homem de Ferro, mas com um dentista, um designer gráfico e quatro veterinários. E o objetivo não é salvar o mundo. É, simplesmente, recuperar animais feridos com próteses impressas em 3D com material muito mais barato. São voluntários que, com boa vontade, buscam alterar a lógica do uso de impressão 3D.

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A história do grupo começou em 2013, quando o dentista e professor universitário Paulo Miamoto conheceu a técnica de impressão 3D para reconstituição de ossos. No mesmo instante, ele resolveu se unir a um veterinário para tentar levar a técnica para os animais. “Até 2015, foi tentativa e erro”, conta o “vingador dos animais”, Paulo Miamoto. Tudo mudou, no entanto, quando o jabuti Freddy entrou no caminho dos profissionais.

Vítima de um incêndio, o vagaroso animal ficou com o casco completamente comprometido. Parecia ser o fim da linha para Freddy. No entanto, Miamoto entrou em contato com os responsáveis pelo animal e resolveu apostar na impressão 3D para salvá-lo. “A gente escaneou o Freddy e um jabuti saudável, para compararmos”, comenta Miamoto. “Imprimimos o casco do animal saudável e ficou perfeito no Freddy. Ficou tão bem adaptado que a gente nem precisou perfurar os ossos para ajustar o casco artificial.”

O que impressiona, porém, é que a técnica reduz — e muito — o valor da prótese: uma convencional para ossos, em material médico, varia em torno de R$ 5 e R$ 6 mil, podendo atingir números ainda mais estratosféricos em casos complexos. No caso das próteses do Animal Avengers, feitas em um plástico resistente feito de uma substância extraída da cana, elas custam, em média, apenas R$ 14 — sem contar o uso da impressora (que é de Miamoto) e do tempo de trabalho das pessoas — cedido de maneira voluntária para a causa.

“É tudo muito simples, muito barato”, afirma Miamoto. Ele escaneia a prótese com um app no celular, faz a impressão em uma impressora 3D doméstica instalada em seu quarto e, em seguida, deixa ela pronta e esterilizada em seu consultório dentário. “Depois que a prótese está pronta, encaminho para os veterinários do grupo, que fazem a aplicação nos consultórios deles. É tudo muito coordenado, sem gastos”. afirma o dentista.

O grupo, em pouco mais de um ano de pleno funcionamento, já ajudou 14 animais: jabuti, gansos, araras, uma cadela que quebrou os dentes, tucanos e até um araçari — que é uma espécie de tucano, um pouco menor. Pelas limitações do grupo, porém, eles têm que limitar os animais atendidos. “Nós analisamos caso a caso e só fazemos dos animais que, de fato, necessitam de uma prótese”, afirma Miamoto.

Atualmente, o grupo conta com seis profissionais: Paulo Miamoto, dentista; Cícero Moraes, que é designer 3D; e um quarteto de veterinários, formado por Sérgio Camargo, Rodrigo Rabello, Matheus Rabello e Roberto Fecchio. A ideia, assim como os Vingadores da Marvel, é ampliar ainda mais o time dos Animal Avengers — trazendo "heróis" de outras áreas e interesses. “A nossa ideia é tentar transmitir o conhecimento para mais pessoas”, diz Miamoto. “Quanto mais aprenderem a técnica, melhor. Queremos mostrar que é possível construir um grupo unido em favor de uma única causa.”

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