EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Com o avanço de 'marketplaces educacionais', a forma de aprender vai mudar

Pode parecer algo trivial a eliminação das fronteiras geográficas para a educação, mas considerando que essa tendência não abrange só cursos livres ou ensino superior, o cenário fica muito interessante

PUBLICIDADE

Atualização:

Não estranhe se o seu próximo professor estiver na Finlândia. Ou na Índia, na Austrália. Que o ensino remoto se popularizou na pandemia, não é novidade, mas uma tendência que vem para ficar é o de “marketplaces educacionais”, com a crescente oferta de cursos e professores especializados em múltiplas localidades. 

Segundo levantamento da TES, plataforma que hoje conecta milhares de professores em 100 países, a tendência de escolas independentes monetizarem seus conteúdos, materiais e metodologias para mercados internacionais foi impulsionada com a pandemia. De um lado estão instituições de ensino dispostas a gerar mais receita e escalar seu modelo com o apoio da tecnologia. De outro, estão alunos de todas as idades tendo à disposição conteúdo educacional com professores nativos ou especializados a um clique de distância.

A expectativa é que surjam e amadureçam mais plataformas capazes de conectar professores especialistas a alunos internacionais que buscam qualificações específicas Foto: Pixabay

PUBLICIDADE

Na avaliação de David Woodgate, diretor da associação britânica de escolas independentes, a iniciativa sinaliza um movimento importante. Isso porque significa a abertura de um mercado global de educação, especialmente para estudantes que não necessariamente teriam recursos para garantir uma educação internacional.

Pode parecer algo trivial a eliminação das fronteiras geográficas para a educação, mas considerando que essa tendência não abrange só cursos livres ou ensino superior, o cenário fica muito interessante. Com a popularização da modalidade, encontrar professores internacionais de idiomas ou habilidades específicas complementares ao currículo brasileiro torna-se bem mais possível.

Há dois anos, o britânico Michael Birdsall já via o potencial de conectar professores de habilidades específicas a alunos internacionais. Sua empresa, a TwoSigmas, recrutava professores de inglês da América do Norte e os conectava com alunos chineses. O negócio cresceu e para conseguir escala de recrutar milhares de professores, passou a usar inteligência artificial para ajudar no mapeamento das necessidades do aluno e conectar com o melhor perfil do tutor internacional.

Publicidade

Com apenas cinco funcionários, Birdsall recrutou mais de 180 mil professores online para atuar com alunos chineses e, em 2019, vendeu sua empresa. Estratégia certa, na hora certa.

Voltando aos marketplaces educacionais, vale a pena acompanhar essas tendências de mercado nos próximos tempos. A expectativa é que surjam e amadureçam mais plataformas capazes de conectar professores especialistas a alunos internacionais que buscam qualificações específicas.

Com isso, avançamos mais uma etapa no ensino e provavelmente teremos algumas centenas de milhões de dólares adicionados aos US$ 319 bilhões previstos para educação online até 2025, segundo pesquisa da Research and Markets. *É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

Opinião por Camila Farani
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.