Contabilizei levanta US$ 60 mi para colocar contabilidade na vitrine de shoppings

Startup curitibana recebe aporte do SoftBank para não apenas ampliar produtos e serviços, mas também crescer no mundo offline

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Por Bruno Romani
Atualização:

Focada em serviços contábeis para pequenas empresas, a startup Contabilizei anuncia nesta quinta, 10, o recebimento de um aporte de US$ 60 milhões (cerca de R$ 320 milhões). A rodada foi liderada pelo SoftBank e teve participação de Goldman Sachs e Pruven Capital - o conglomerado japonês também esteve à frente do aporte levantado pela startup em janeiro de 2021, que teve Kaszek, Point72, Quona e Banco Mundial (IFC). 

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Fundada em 2013 por Vitor Torres, a Contabilizei é um dos principais nomes do ecossistema de inovação de Curitiba e aspirante ao título dequarto “unicórnio” (startup avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão) da cidade - os outros são Ebanx, MadeiraMadeira e Olist. Com o novo cheque, a empresa planeja expansão em três frentes. 

“Esse investimento é um marco para a empresa e para todo o segmento de contabilidade”, conta Torres ao Estadão. “Vamos usar esse dinheiro para crescer a oferta de produtos, fazer contratações e aumentar nossa presença física”, diz.

Torres: "Contabilizei quer mostrar que a contabilidade também podeser temadentro de um shopping” Foto: Taba Benedicto/Estadão

A Contabilizei começou com um serviço de abertura de empresas e serviços de contabilidade para pequenos negócios - hoje, são 30 mil clientes. Com o novo aporte, deve avançar com serviços como gestão de contas a pagar e a receber, abertura de contas bancárias, antecipação de recebíveis, pagamentos de impostos com cartão de crédito e assessoria com planos de saúde corporativos. 

A ampliação da área de atuação lembra o movimento da ContaAzul, startup de Joinville (SC) que também oferece gestão financeira para empreendedores e empresas contábeis.s. Recentemente, a empresa catarinense passou a disponibilizar produtos financeiros, como empréstimos. É algo, porém, que Torres descarta no curto prazo. “Pode ser um passo natural, mas não há nenhuma iniciativa neste momento”, diz ele. 

Parte do dinheiro será usado para afinar a tecnologia da empresa. “Vamos usar para melhorar nossas automações. Por exemplo, quando surgem novas leis ou novas situações que impactam o setor contábil, o sistema precisa se adaptar automaticamente”, explica Torres. Outra parte das melhorias tecnológicas será feita no sistema que integra os diferentes serviços contábeis e financeiros. 

Isso, claro, vai gerar contratações. Nos últimos dois anos, a companhia vem mantendo uma escalada de crescimento interno. Ela fechou 2020 com 470 funcionários, encerrou 2021 com 780 funcionários e atualmente conta com um quadro de 900 pessoas. Segundo Torres, a projeção até o final do ano é ter 1,3 mil trabalhadores. 

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O movimento faz Torres repetir o refrão cantado por CEOs e fundadores de startups em todo o Brasil: o grande desafio da empresa é encontrar gente capacitada para atuar no setor. Além de manter o radar ligado para possíveis talentos, que podem ocorrer também por meio de aquisições, a Contabilizei diz que está investindo na formação de pessoas - um programa interno da empresa transforma em 12 meses desenvolvedores “júnior” em “sênior”. No último ano entre 60 e 70 líderes internos foram formados. 

“Hoje em dia, os aportes precisam cuidar de quatro pilares: produto, tecnologia, marketing e pessoas. Se você não investir em pessoas, você está fora”, afirma Torres. 

Mundo físico

De todos os planos da Contabilizei para o novo cheque, um deles chama bastante a atenção. O aportevai permitir o avanço no mundo físico - algo um tanto quanto inusitado para uma empresa de DNA digital. 

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Atualmente, a startup conta com uma loja física em São Paulo, no shopping Eldorado, e outra no Rio de Janeiro, no BarraShopping. A ideia é criar outras seis unidades em todo o País até o final do ano (a empresa ainda não revela onde deve abrir as portas). Estaria a Contabilizei tentando avançar no território dos contadores tradicionais, que ainda dependem de escritórios e atendimento presencial?

“Queremos ter um alcance maior, atendendo diferentes públicos. Identificamos clientes que querem atendimento presencial. É importante para eles perceberem que somos uma empresa de fato”, explica Torres. 

“É um pouco diferente do contador tradicional que fica em um escritório dentro de um prédio. Queremos mostrar que a contabilidade e serviços financeiros também podem ser temas dentro de um shopping”.

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