Creditas levanta US$ 260 mi para consolidar ecossistema de crédito

Empresa foca em diversificação de serviços e se prepara para abertura de capital

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Por Giovanna Wolf
Atualização:

Preparando terreno para uma oferta pública inicial de ações (IPO), a fintech brasileira Creditas anuncia nesta terça-feira, 25, o recebimento de um aporte de US$ 260 milhões, que eleva a avaliação de mercado da empresa para US$ 4,8 bilhões. A nova rodada é mais um passo da startup para consolidar seu ecossistema de crédito: após ganhar mercado com empréstimos baseados em garantias como imóveis e automóveis, a Creditas tem diversificado seus serviços avançando em seguros, compra e venda de carros e benefícios corporativos.

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O investimento acontece 13 meses após a empresa levantar US$ 255 milhões e atingir o status de “unicórnio” (nome dado às startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). O cheque traz à fintech novos investidores: o fundo americano Fidelity Management, o fundo espanhol Actyus (voltado a fintechs) e a firma inglesa de capital de risco Greentrail Capital. Investidores antigos da Creditas, como QED Investors, SoftBank e Kaszek Ventures, também acompanharam o aporte. 

Esta é a sexta rodada de investimentos recebida pela startup – desde sua fundação, em 2012, a empresa levantou US$ 829 milhões. 

Apesar de estar bem capitalizada desde o último cheque anunciado em dezembro de 2020, a empresa enxergou a necessidade de realizar uma nova captação, tendo em vista o ritmo de crescimento registrado nos últimos meses. No terceiro trimestre de 2021, a Creditas teve aumento de 233% na receita em comparação com o mesmo período de 2020, atingindo R$ 257,1 milhões – ao mesmo tempo, as perdas ficaram em R$ 81,2 milhões. 

“Recentemente fizemos movimentações que consomem muito capital, como a aquisição das startups Minuto Seguros e Volanty, além da expansão para o México. Este ano vamos focar principalmente na consolidação desse crescimento”, afirma o espanhol Sergio Furio, fundador e presidente executivo da startup, em entrevista ao Estadão

Sergio Furio, fundador e presidente executivo da Creditas Foto: Taba Benedicto/Estadão

Criada como fintech de crédito, a Creditas tem ampliado seu escopo de atuação. A ideia da empresa é oferecer serviços que orbitem ao redor de três ativos: casa, carro e salário. Na vertical de automóveis, por exemplo, além de oferecer financiamento, a startup planeja vender carros para os clientes e disponibilizar garantia, seguro e manutenção. 

Dentro disso, parte do cheque será voltado a investimentos em tecnologia. “Fomos progressivamente migrando os clientes da web para aplicativos móveis e, agora, vamos fortalecer o app. Queremos que os produtos dialoguem entre si: quando o cliente quiser um crédito com garantia do carro, poderemos rapidamente conectá-lo com a parte de seguros e o marketplace”, explica Furio. 

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A operação no México também será reforçada. Por enquanto, a empresa levou ao país apenas o financiamento de carros e a concessão de crédito garantido por um carro, mas o plano é lançar também os serviços de imóvel como garantia e benefícios corporativos. Atualmente, a Creditas tem 200 funcionários no México – no início de 2021, eram 30. 

O Estadão apurou que a Creditas também estuda entrar no mercado europeu com a Voltz, startup de motos elétricas que recebeu um investimento da empresa. Além disso, a fintech avalia lançar planos de saúde. Nos dois casos, porém, os projetos ainda estão em fase inicial.

Rumo à Bolsa

Da mesma forma que o Nubank levantou US$ 1,15 bilhão em junho passado mirando a listagem na Bolsa, a nova rodada da Creditas foi desenhada como uma preparação para um IPO – o Fidelity Management, que entrou como investidor, é especializado em empresas de capital aberto. Furio confirma que há planos de listar a companhia, mas não fala em datas.

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Para Gilberto Sarfati, professor da FGV, o novo cheque deve trazer mais tranquilidade para a Creditas nesse processo, que deve ter turbulências. “Esse reforço de caixa vai possibilitar que a empresa escolha o melhor momento para o IPO. Talvez não seja conveniente para a Creditas fazer a abertura de capital ainda neste ano, já que a Bolsa de Valores anda em direção negativa”, diz. 

Essa volatilidade no mercado, que vem derretendo as ações das empresas de tecnologia em meio à alta de juros nos Estados Unidos, já trouxe desafios nesta captação de US$ 260 milhões, conta o presidente executivo da Creditas. 

“Os investidores estão mais cautelosos, avaliando como as empresas vão ter lucro no futuro e como elas se diferenciam dos competidores no mercado”, diz Furio. “Ter conseguido fechar uma transação nesse contexto de mercado não foi nada fácil. Atribuo isso aos nossos resultados recentes”. 

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