Creditas reforça aposta em serviços para empresas e lança cartão de benefícios

Após crescer com empréstimos com garantias de imóvel e automóveis, fintech cria nova divisão voltada para área de RH e funcionários de empresas

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Por Bruno Capelas
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Ao longo da última década, a fintech Creditas cresceu no Brasil com dois serviços: empréstimos com base em garantias de imóveis e de automóveis. No ano passado, também passou a oferecer crédito consignado para funcionários de empresas, em um mercado ainda pouco explorado no País. Ao se aproximar dos departamentos de recursos humanos, a empresa do espanhol Sergio Furio descobriu um novo filão de negócios, lançando iniciativas como antecipação salarial e até uma loja com pagamento consignado. Nesta segunda-feira, 21, as iniciativas se unem em uma suíte de serviços para companhias privadas, a Creditas @Work

“Começamos a nos aproximar do departamento de recursos humanos da empresa e percebemos muitas dores – e isso significa oportunidade para nós”, diz Furio ao Estadão. Além de solidificar os últimos lançamentos, a divisão Creditas @Work também terá um novo serviço: o de oferecer um cartão de benefícios flexível, no qual a empresa poderá depositar os valores referentes a vale-refeição, alimentação ou cultura, mas o funcionário é quem decidirá no que quer gastar cada coisa. Criado em parceria com a Mastercard, o produto estreia nesta segunda-feira e também vai trazer vantagens, na visão da Creditas, para donos de estabelecimentos. 

A Creditas, deFurio,é candidata a se tornar um novo unicórnio brasileiro Foto: Taba Benedicto/Estadão

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“Ao contrário de outros vales, o nosso cartão vai funcionar como um cartão de crédito, o que reduz as taxas para os estabelecimentos. Todo mundo sai ganhando”, afirma Furio. Segundo ele, um cruzamento de dados em tempo real vai ajudar a empresa a evitar fraudes – como a prática usual de pagar por bebidas alcóolicas em vale-refeição. “Na hora de processar o pagamento, cruzaremos o CNPJ do estabelecimento com a finalidade daquele benefício”, diz o executivo. 

Segundo ele, neste serviço a Creditas pretende faturar da mesma forma que outras empresas de cartão de crédito, recebendo uma comissão pelo pagamento processado. O segmento de administração de benefícios tem atraído a atenção de diversas startups nos últimos meses – entre elas, o principal destaque é a Caju, que recebeu em agosto um aporte de R$ 13 milhões liderado pelos fundos Valor e Canary, além da participação de Ariel Lambrecht (99 e Yellow). De acordo com Furio, os planos do Creditas @Work não se resumem ao novo lançamento: para o futuro próximo, a empresa planeja ainda oferecer um produto de previdência privada. 

Otimismo

Apesar do cenário de incerteza na economia nacional, Furio se diz otimista com o momento de sua empresa. Segundo ele, a inadimplência dos empréstimos em setembro está no mesmo nível de março e a taxa de demissões nas empresas parceiras da Creditas no crédito consignado já está no mesmo patamar de fevereiro. 

“Nos últimos meses, nós conseguimos gerar caixa, mas agora vamos retomar o ritmo de crescimento e passar a consumir recursos de novo”, diz o executivo. Segundo ele, a Creditas hoje tem crescido “de 6% a 7% ao mês”, o que deve fazer a empresa dobrar de tamanho com relação a 2019. O ritmo de contratações também voltou a crescer, afirma Furio: em setembro, devem ser 50 novos funcionários, levando o total da empresa para 1,6 mil pessoas. “Até o final do ano, devemos chegar a 1,8 mil pessoas”, diz. 

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Por enquanto, Furio pretende que esse crescimento continue a ser sustentado pela receita da empresa e recursos de investidores – segundo ele, a Creditas ainda cresce a uma taxa acelerada demais para que faça sentido fazer uma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da empresa. Questionado a respeito de uma possível nova rodada de aportes, o executivo foi enigmático. “A gente não para de conversar com investidores”, disse. 

Vale lembrar que a Creditas é candidata a se tornar um novo unicórnio brasileiro – em sua última rodada de aportes, levantada em 2019 junto ao SoftBank, a empresa foi avaliada em US$ 750 milhões. Mas Furio desdenha do feito. “Unicórnio virou uma palavra maldita. Bom é ter uma empresa que gera impacto, cresce e gera receita.” 

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