
Camila Farani
Dados: os 'pais' dos novos produtos
Iniciativas mostram que o futuro do desenvolvimento de produtos está mesmo baseado em dados
01/05/2019 | 05h00
Por Camila Farani - O Estado de S.Paulo
Até que ponto as empresas estão aproveitando os insights trazidos a partir de dados do comportamento do consumidor e direcionando seus negócios? A maioria provavelmente ainda está aprendendo como usar essas informações. Outras, como a Amazon, já aprenderam não só como usá-las, mas também interpretá-las bem para ampliar seus negócios.
Recentemente, a empresa de Jeff Bezos criou sua linha própria de cosméticos. Batizada de Belei, é a primeira marca própria da Amazon. Tudo custa até US$ 40. E seu desenvolvimento foi baseado em insights trazidos por dados – sobretudo aqueles derivado das buscas dos consumidores por cosméticos em seu site. Os componentes de seus cosméticos incorporam – ou excluem – aquilo que as pessoas mais procuram ou evitam ao buscar por um produto, como presença de vitamina C e ácido hialurônico, ser livre de parabenos e por aí vai.
Amazon é uma das empresas que usa os dados a seu favor
A combinação de atributos para os produtos, dos ingredientes, propósito e preço é fruto de uma leitura profunda de informações acumuladas ao longo de anos. A iniciativa avança mais um passo em indicar que o futuro do desenvolvimento de produtos está mesmo baseado em dados.
Gigantes como Google e Netflix já aplicam tais práticas em seus serviços há muito tempo, mas é cada vez mais comum que empresas de outros ramos baseiem seus lançamentos no poder dos dados. A Unilever recentemente roubou Sunny Jain, líder de produtos de consumo da Amazon, para liderar sua área de beleza e cuidados pessoais. Boa parte da bagagem do executivo está justamente em entender, digerir e aplicar as informações trazidas pelos clientes aos novos negócios.
A chave aqui é aprender como outras empresas podem desenvolver a mesma mentalidade. Uma pesquisa McKinsey mostrou que companhias que utilizam dados comportamentais podem ter vendas 85% maiores e margens 25% mais saudáveis do que aquelas que não adotam o modelo centrado na compreensão dos clientes.
Quando me perguntam se eu acredito que startups ou empresas de pequeno porte podem se aproveitar desse conceito, a minha resposta é sim. Acredito que o início pode ser colocar o consumidor no centro de sua jornada, observando o que ele consome, como escolhe, como integra, adapta e descarta produtos e serviços a fim de atingir suas necessidades. E claro, conectando esses insights ao seu modelo de negócio de maneira a garantir que o que o cliente quer esteja considerado no cronograma de desenvolvimento.
Os exemplos das gigantes só ilustram como isso pode ser feito. As melhores práticas podem ser aproveitadas por praticamente qualquer empresa. A sua está preparada para aproveitar e digerir as informações que seu consumidor traz?
*É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL
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