A startup Peerdustry, que atua como uma espécie de fábrica digital para o setor industrial, anunciou que recebeu na terça-feira 2 um aporte de R$ 3 milhões, liderado pelo fundo de investimento Redpoint eventures junto com os investidores-anjo André Romi e a gestora Silver Angel, de Luiz Carlos Pimentel.
“Nós atuamos como uma fábrica digital na nuvem. O cliente compra da gente e a gente compra do fornecedor”, diz Bruno Diesel Gellert, fundador da startup, em entrevista ao Estadão. Em outras palavras, a Peerdustry entrega peças mecânicas sob demanda para o setor industrial de manufatura - é uma área de nicho que tenta aproximar clientes que precisam de partes específicas para o próprio maquinário e fornecedores que fabricam esses componentes.
Atualmente, esse processo ocorre por meio de equipes de vendas, que procuram individualmente os fornecedores e buscam os melhores valores para montar o orçamento. A Peerdustry usará o aporte financeiro para ampliar a equipe.
O grande entrave para a startup, no entanto, é estipular qual é o valor dessas peças, cujo desenho é enviado pelo cliente à empresa. “É demorado fazer essa precificação, por isso a gente está investindo em tecnologias para ter esse processo mais eficiente”, explica Gellert. Com isso, a Peerdustry planeja reduzir em 60% a 70% do tempo gasto no processo de precificação — o que beneficia clientes, fornecedores e, claro, a própria startup.
A startup revela que já tem mais de 1,7 mil máquinas de usinagem disponíveis na plataforma e que pretende ampliar o número para 10 mil em até três anos. A Peerdustry não revela com quais clientes trabalha, mas diz que lida com setores das indústrias de máquinas e equipamentos, embalagens, alimentos, autopeças e materiais de construção.
A Peerdustry surge em um cenário em que a desindustrialização do País é marcada por desinvestimentos do setor automotivo, incluindo a saída da montadora Ford, anunciada em janeiro passado. Gellert, no entanto, é otimista e fala que é possível reinventar a indústria de manufatura, que caminha rumo à digitalização para aumentar a eficiência: “Em três a quatro anos, boa parte dos departamentos de compras das indústrias vão ser otimizados por soluções como a nossa. Em vez de ter uma série de compradores fixos, vai haver sistemas interligados de manufatura compartilhada.”
Para Manoel Lemos, do fundo de investimento Redpoint eventures, o momento é oportuno para investimentos. “A Peerdustry é de um setor que vem passando por pressões para evoluir e se modernizar porque o Brasil fez menos investimentos em tecnologia e inovação do que deveria”, afirma, acrescentando que a escalabilidade do projeto chamou à atenção do fundo. “O cenário mostra um mercado grande e com muitos desafios que podem ser resolvidos com tecnologia”.