PUBLICIDADE

Em parceria com startups; empresas levam inovação para dentro de casa

Companhias como Bradesco, Telefônica e Braskem lançaram programas para atrair startups que desenvolvam soluções relacionadas ao seu negócio; objetivos são criar produtos, investir em empresas inovadoras e desenvolver os próprios clientes

Por Redação Link
Atualização:

CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO

PUBLICIDADE

por Marina Gazzoni

As grandes empresas estão buscando um novo caminho de inovação nas parcerias com startups. Companhias como Bradesco, Telefônica, Braskem e Buscapé criaram mecanismos para integrar as empresas nascentes à sua estrutura de pesquisa e desenvolvimento, tendência batizada de “corporate garage”. As grandes corporações já começaram a fazer convocações públicas para encontrar ideias inovadoras que representem boas oportunidades de investimento para elas ou novas parcerias comerciais.

O Bradesco identificou na inovação aberta, ou seja, a captação de ideias fora do escritório, um caminho para encurtar o prazo de desenvolvimento de produtos e serviços. O banco criou no ano passado o programa InovaBra, que convida as startups que tenham soluções para produtos financeiros a serem parceiras do Bradesco. “As grandes empresas têm uma burocracia natural de aprovação de processos e demoram mais para inovar. Quando buscamos inovação fora de casa, a velocidade de desenvolvimento é cerca de 50% maior”, disse o vice-presidente do Bradesco, Maurício Minas.

De 553 empresas cadastradas, oito chegaram a final e receberam, em média, R$ 120 mil cada uma, para desenvolver seus produtos junto com o Bradesco. A premissa do InovaBra é viabilizar os produtos inovadores sugeridos, mas o banco poderá investir nas companhias. “Essa oportunidade será avaliada pela nossa área de private equity”, explicou Minas.

Uma das finalistas é a empresa Quero Quitar, que desenvolveu uma plataforma online de negociação de dívidas. A companhia lançou o produto no fim de 2014 e estava procurando clientes, quando percebeu que não poderia atendê-los plenamente sem adaptar a sua solução para cada um deles. “Quando fomos selecionados para o InovaBra optamos por focar na parceria com o Bradesco. Queremos que eles sejam o nosso primeiro grande cliente e depois vamos voltar ao mercado com a chancela de um grande banco como parceiro”, disse o diretor da Quero Quitar, Marc Lahoud.

Além do Bradesco, a petroquímica Brakem e até o governo de São Paulo já aderiram aos concursos de ideias para se aproximar das startups. Com objetivo similar, a Telefônica adotou uma estratégia diferente, de montar a sua própria aceleradora de startups, a Wayra. Criada há três anos no Brasil, a aceleradora já apoiou cerca de 50 empresas no País. “A Telefônica tem uma área de inovação interna, mas isso não preveniu a empresa de ser surpreendida por inovações disruptivas, como o Skype ou o Whatsapp. Por isso, há uma estrutura fora do escritório para desenvolver novos negócios”, disse Carlos Pessoa, diretor da Wayra no Brasil.

Publicidade

Por meio da aceleradora, a Telefônica pretende ser acionista de novas empresas – e ganhar dividendos gordos se uma delas se transformar no próximo Facebook. Outro objetivo é buscar produtos inovadores para a Telefônica. Uma exemplo é a versão online do serviço 156, central de atendimento de Prefeituras oferecido pela Telefônica, que foi criado por uma das aceleradas da Wayra.

PIONEIRO

O Buscapé foi uma das primeiras grandes empresas brasileiras a organizar um concurso para se aproximar das startups. Em 2011, lançou o programa “Sua ideia vale um milhão”, por meio do qual selecionava empresas para fazer um investimento de R$ 300 mil em troca de uma fatia de 30% da companhia. O Buscapé fez duas edições do desafio e, por meio dele, investiu em quatro startups. “Queríamos trazer ideias de fora de casa e testar como elas iriam fomentar a inovação dentro da companhia”, disse o CEO do Buscapé Company, Rodrigo Borer.

Na época, lembra Borer, foram escolhidas empresas em diferentes estágios de maturação e que pareciam ter sinergia com o negócio. Um dos casos considerados por ele como bem-sucedido foi a empresa Meu Carrinho, que criou um sistema de comparação de preços para supermercados.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

“Era uma boa ideia e que tinha relação com o nosso negócio. Trouxemos os empreendedores para trabalhar dentro do Buscapé e eles trouxeram uma injeção de sangue novo e motivação para a nossa equipe”, lembra Borer. Posteriormente, o Buscapé comprou 100% da companhia e os fundadores saíram da empresa.

Após algum tempo, o Buscapé percebeu que algumas das empresas compradas não tinham sinergias com o seu negócio e se desfez de sua participação. Uma delas foi o site Urbanizo, que trazia informações sobre preços de imóveis anunciados. O Buscapé desistiu do investimento e devolveu sua participação na empresa aos fundadores. “Tínhamos acabado de alugar um escritório em Brasília quando nos avisaram que eles iriam desinvestir. Tivemos de demitir as pessoas que contratamos. Foi traumático”, lembra um dos fundadores, Marcos de Oliveira. “As startups não devem se iludir com os escritórios imponentes das grandes empresas. Nem sempre elas têm tempo de ajudar você como prometeram”, disse Oliveira, que vendeu a companhia posteriormente ao grupo argentino Navent, dono do ImovelWeb, e hoje é diretor de novos produtos do grupo no Brasil.

O Buscapé não lançou mais o concurso de ideias e, em vez disso, desenvolveu uma estrutura interna para avaliar as diversas startups que procuram a companhia em busca de investimento. Borer diz que o Buscapé já investiu em outras empresas após o fim do programa e está aberto a novos investimentos. “Mas não somos um venture capital. Somos uma empresa operacional e é essencial que esses investimentos tenham a relação com o nosso negócio.”

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.