Ex-fabricantes de cerveja produzem chá a base de canabidiol na Califórnia

Irmãos mineiros levaram experiência da cerveja artesanal para o mercado americano de chás em sachê

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Por Valéria França
Atualização:

Os irmãos mineiros Thiago e José Felipe Carneiro, ambos de 36 anos, levaram a experiência adquirida no mercado de cerveja artesanal brasileiro para a Califórnia, onde montaram uma empresa de chás em sachê à base de canabidiol, substância extraída do óleo da maconha. Investiram US$ 3 milhões no projeto. 

Em 2015, os dois haviam transformado a tradicional cervejaria de chope da família em uma marca artesanal jovem de sucesso. Naquele ano nascia a Wäls, empresa que arrebatou o mercado de bebidas nacional e foi comprada pela Ambev. Os sócios não divulgaram o valor da negociação, mas a empresa faturava cerca de R$ 9 milhões por ano.

Legalização. No Colorado, 15% da arrecadação com a venda da maconha vai para educação Foto: REUTERS/Chris Wattie

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No início de 2018, a Califórnia, sexto Estado americano a legalizar a cannabis, autorizou a venda de produtos da maconha para pessoas com mais de 21 anos. Quando isso aconteceu, já havia 50 empresas recém-licenciadas esperando para atender o mercado.  Nesse movimento, os irmãos Carneiro começaram a montar a nova fábrica de chás. “Até o fim do ano lançaremos nossos produtos” afirma José Felipe. “Está tudo pronto. Mas ainda faltam licenças. Algumas custaram US$ 300 mil. Nos Estados Unidos, a fiscalização é dura.” 

Equilíbrio. “Apesar de muita polêmica, a experiência no Estado do Colorado mostra que a regulamentação tem um impacto positivo na economia e na saúde pública”, diz Alan Vendrame, coordenador do curso de Direito do Ibmec e doutor em Saúde Pública pela Universidade de Connecticut. “Em 2014, ano da legalização, a arrecadação dos setor foi de US$ 50 milhões. O valor superou o teto que o governo poderia recolher, sem restituir aos contribuintes. Então, cada cidadão recebeu de volta cerca de US$ 10”, conta o professor. No Colorado, 15% da arrecadação vai para a educação, 10% para a saúde pública, e o restante para o erário. 

“Esse mercado ainda está muito desbalanceado. E, por isso, as cifras são tão altas”, acrescenta Fábio Lampugnani, da UPF Consulting, contratada para levantar capital para a VerdeMed, empresa de sócios brasileiros que está entrando nesse mercado. “Não se trata de uma bolha, mas de um mercado ainda não explorado que tende a se equilibrar”, afirma. 

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