Fab Labs públicos ainda enfrentam limitações

Falta de abertura para profissionais de renome, capacidade restrita de turmas e burocracia podem emperrar avanço

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Por Thiago Sawada
Atualização:

NILTON FUKUDA/ESTADÃO

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Ainda que os Fab Labs municipais tenham sido bem avaliados por especialistas consultados pelo Estado, eles apresentam algumas importantes limitações, como a falta de abertura para profissionais que fazem parte do movimento da “cultura maker”, o porte pequeno da maioria das unidades espalhadas pela cidade, além da lentidão na compra de insumos e substituição de equipamentos.

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Por princípio, os espaços deveriam ser abertos para que outros profissionais pudessem ministrar cursos, porém os Fab Labs públicos oferecem apenas oficinas ministradas por pessoas contratadas pelo Instituto de Tecnologia Social (ITS) – atualmente, de dois a três instrutores formam a equipe técnica responsável pelos cursos em cada unidade. “A Prefeitura poderia abrir espaço para que pessoas que trabalham há mais tempo com este conceito no exterior possam dar aulas também”, diz o cocriador do Garagem Fab Lab, Eduardo Lopes.

Em relação à estrutura física, oito dos 12 Fab Labs municipais são de pequeno porte, o que limita a quantidade de alunos que podem participar dos cursos e oficinas. Como essas unidades têm apenas três computadores, as aulas de modelagem 3D e programação, por exemplo, abrem apenas seis vagas – em que dois alunos dividem um computador. Mesmo nas três unidades de maior porte, o número de vagas se limita a dez pessoas por curso, com um aluno por computador.

A compra de insumos para os cursos de capacitação e troca de equipamentos é outro fator que pode engessar os Fab Labs. Ela dependerá da liberação de verba do município e da realização de uma ou mais licitações.

Poder. Os Fab Labs têm o potencial de dar à população o poder de fabricar seus próprios produtos, sem depender de empresas privadas. Se as pessoas aprendem como imprimir em 3D, por exemplo, podem produzir uma peça que está quebrada em seu próprio celular, sem precisar esperar por uma produzida numa fábrica na China. “Isso emancipa as pessoas de uma lógica industrial fechada”, diz Lopes, do Garagem Fab Lab.

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Além de promover a autonomia dos indivíduos, esses espaços públicos podem se tornar um ambiente onde as pessoas se encontram para compartilhar experiências e conhecimento. Isso faz de cada Fab Lab um centro com identidade própria, que tem origem nas características dos projetos elaborados pela comunidade que o frequenta.

Outro fator que influencia o perfil de cada espaço é a sua localização na cidade – em Heliópolis, por exemplo, o foco está em ajudar a comunidade a resolver problemas. “A característica do local onde o Fab Lab está traz aspectos diferentes para cada unidade”, diz o coordenador de conectividade da Secretaria de Serviços, João Cassino.

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