PUBLICIDADE

Inovação além da tecnologia

O maior diferencial competitivo estará nas empresas que souberem como inovar em seus processos e medir sua eficiência. Quem não olhar para isso, certamente ficará para trás.

Por Camila Farani
Atualização:

Pense rapidamente em uma empresa inovadora. Analise seu ramo de atuação, seu produto, forma de entrega, atendimento ao cliente. É possível que, ao fim do exercício, você tenha pensado em alguma startup ou empresa de tecnologia já consolidada. Isso porque nossos pensamentos já se acostumaram à tecnologia como sinônimo da inovação. Mas em quais outras dimensões ou setores ela vem acontecendo?

PUBLICIDADE

Voltei há poucos dias do Japão, onde orientei empreendedores brasileiros em oito visitas técnicas formais, além de andar pelas ruas com o olhar atento a novas experiências. Algo válido de observar é como os japoneses trabalham as partes da engrenagem para tornar o todo inovador – seja em startups, numa loja física de varejo físico ou numa empresa de terceirização de mão de obra. Processos, produtos, pessoas. Esses são os três elementos que podem diferenciar negócios, independente do ramo e que podem trazem ganhos de competitividade. 

Estivemos na fábrica da Kirin, maior cervejaria do Japão, onde a inovação se vê na remodelação de processos, no mix de produtos – que incorporou os chás como fonte complementar de receita –, no programa de desenvolvimento de líderes e até no uso de realidade aumentada para apresentar suas matérias-primas, o lúpulo e o trigo, aos visitantes. Aprendemos que a Japan Airlines, em seu processo de reestruturação em 2009, inovou ao colocar etiquetas de preço em cada um dos compartimentos do almoxarifado da mecânica. Ao pegar cada peça, o funcionário da companhia sabe seu custo exato, repensa seu uso e previne o desperdício.

Na área de tecnologia dá para ver como o maior unicórnio japonês dos últimos tempos, o site de compra e venda Mercari, que levantou mais de US$ 1 bilhão no sua oferta inicial de ações (IPO) recente na Bolsa de Tóquio, inovou ao colocar a experiência do usuário em primeiro lugar. Ofereceu anonimato para quem está transacionando – valor importante para aumentar a confiabilidade – e restringiu o uso de fotos de banco de imagens por vendedores, tornando mais difícil para usuários ludibriarem consumidores.

Em linhas gerais, a experiência no Japão ajudou a refrescar a visão sobre a importância da inovação para além da tecnologia e como é fundamental estabelecer métricas para quantificá-la. Numa pesquisa recente com 200 pessoas, a KPMG mostra que uma em cada quatro empresas analisa inovação pelo ganho de eficiência operacional, enquanto a maioria (60%) sob a ótica da receita. O maior diferencial competitivo estará nas empresas que souberem como inovar em seus processos e medir sua eficiência. Quem não olhar para isso, certamente ficará para trás. É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.