Inspirada pelos grupos de 'Zap', startup Trela levanta US$ 25 milhões

Empresa, que oferece serviço de 'compra social' para items de mercado, recebe investimento do SoftBank

PUBLICIDADE

Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Romani
Atualização:

Nem só de brigas e fofocas vivem os grupos de WhatsApp de condomínios. Em muitos deles, vizinhos se organizam para realizar compras de mercado com descontos. De olho nesse público, a startup mineira Trela anuncia nesta terça, 8, um aporte de US$ 25 milhões em rodada liderada pelo SoftBank e com participações de Kaszek, General Catalyst, Y Combinator e Pierpaolo Barbieri (CEO da Ualá). 

Fundada em 2020 por Guilherme Nazareth, Guilherme Alvarenga e João Jönk, a Trela explora um segmento chamado social commerce, no qual grupos de pessoas se juntam para obter produtos com desconto. O formato é popular na Ásia, onde nomes como Pinduoduo já começam a incomodar tradicionais nomes do comércio eletrônico na região, como o Alibaba (dono da AliExpress). 

Os três cofundadores da Trela: João Jönk, Guilherme Nazareth e Gui Alvarenga Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

Porém, assim como o seu nome (que tem origem na expressão “dar trela”), a inspiração para a criação da startup é bem brasileira. “Numa das primeiras vezes que conversamos, o Guilherme Alvarenga disse que o grupo de WhatsApp do condomínio dele em Nova Lima (MG) comprava com descontos direto com produtores. O grupo estava cheio, com 256 pessoas, e tinha lista de espera de mais de 100”, conta Nazareth ao Estadão.

“Tínhamos ali um caso de algo que criava eficiência na cadeia, cortando intermediários e gerando economia. Era o tipo de negócio que eu estava buscando quando voltei ao Brasil”, relembra ele - o executivo de 26 anos passou cinco anos nos EUA, onde fez faculdade e trabalhava como diretor de ciência de dados da fintech Handle.com.

Dessa maneira, a Trela tem uma plataforma que se conecta a grupos de WhatsApp para compras de mercado feitas de maneira coletiva. A startup mira condomínios a partir de 60 unidades com grupos a partir de 25 vizinhos: o adensamento geográfico da demanda permite não apenas descontos junto aos fornecedores, que variam entre 20% e 60%, mas também frete gratuito em todas as compras. Atualmente, a empresa cresce 45% ao mês e espera atingir crescimento de 80 vezes em 2022.

Groupon?

É inevitável falar de compras feitas em grupo e não pensar em nomes como Groupon e Peixe Urbano, que popularizaram serviços e de compras coletivas no começo da década passada, mas fracassaram posteriormente. Segundo Nazareth, a proposta da Trela é diferente. “O Groupon faziam descontos muito agressivos, mas que não causavam retenção de clientes para os pequenos negócios. A gente gera descontos para os clientes e demanda para os fornecedores sem causar prejuízos. Além disso, temos o elemento social e geográfico. No Groupon, as pessoas que usavam os descontos não se conheciam e também não estavam necessariamente na mesma região”, analisa Nazareth. 

Publicidade

É justamente nos fornecedores que o serviço também tenta se diferenciar. Embora não exclua a possibilidade de comercializar produtos de grandes marcas, a Trela foca os esforços em pequenos e médios produtores de produtos premium. O app comercializa carnes, queijos, hortaliças e frutos do mar. “Os pequenos e médios fornecedores são espremidos pelos diferentes players na cadeia. Fazer compras é uma inconveniência. Para atrair clientes, os varejistas fazem descontos agressivos com grandes marcas e tiram o lucro dos médios e pequenos, que não têm um bom canal para escoar produtos”, explica. 

Futuro

A Trela deve investir o novo cheque em três frentes: desenvolvimento de produto, expansão geográfica e logística. Nazareth explica que a empresa gastou todos os recursos levantados até aqui no funcionamento da plataforma, e que espera poder ampliar seu alcance. A ideia é ter um app para fornecedores e outro para acompanhar as entregas. O movimento deve gerar contratações: atualmente são 33 funcionários e a meta é chegar entre 80 e 100.

Já a expansão geográfica mira entre três e cinco cidades. A startup atua em regiões da grande São Paulo e da grande Belo Horizonte. Nazareth não revela as novas localidades, mas o site da empresa dá pistas e cita Rio de Janeiro e Porto Alegre. 

PUBLICIDADE

O investimento no braço logístico deve ser um investimento para melhorar o produto voltado para os fornecedores. Atualmente, a maioria dos pedidos é entregue pelo próprio fornecedor, mas a ideia é que a Trela possa ofertar logística também - e cobrar uma taxa por isso. A startup está testando um programa do tipo em Belo Horizonte. 

Nazareth diz que a ideia é que a Trela possa realizar entregas em um dia - o foco não será em entregas rápidas, como fazem concorrentes como Rappi, Cornershop e iFood. “Questiono a priorização de investimento para entregas muito rápidas. Estamos viabilizando venda direta para vender com qualidade por um preço mais baixo”. 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.