Loft anuncia expansão internacional com aquisição da mexicana TrueHome

Com produtos parecidos, empresas vão unir forças para alavancar marketplace imobiliário no México; Loft diz que seguirá com planos de expansão pelo Brasil

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Por Giovanna Wolf
Atualização:

Depois de passar três anos concentrando sua operação em poucas capitais brasileiras, a Loft alçará voo para fora do País. A startup de compra, reforma e venda de imóveis anuncia nesta sexta-feira, 29, que vai expandir para o México usando como trampolim a aquisição da empresa TrueHome, que também oferece um marketplace imobiliário. 

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Fundada em 2017, a TrueHome funcionará agora como a “Loft do México”: a estrutura de time e escritórios da empresa no país será usada pela startup brasileira. Os fundadores da TrueHome, Raul Villarreal e Alvaro Cepeda, cuidarão da operação mexicana – o acordo da aquisição, cujo valor não foi revelado, prevê ações da Loft. 

A relação entre Loft e TrueHome não é nova: em 2019, o unicórnio brasileiro participou de uma rodada de investimento na mexicana para iniciar uma relação. Antes da aquisição, a TrueHome havia levantado aproximadamente US$ 10 milhões em uma duas rodadas de investimento, com participação de investidores como Mountain Nazca, Monashees, Class 5 Global e Carlos Ottati (fundador da startup de carros usados Kavak).

Fundada em 2018, a Loft encarou entraves do mercado imobiliário brasileiro ao tentar utilizar dados para a venda e compra de imóveis Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Na mesma linha da Loft, a TrueHome possibilita a conexão de pessoas que estão vendendo ou comprando imóveis com imobiliárias – a startup também faz financiamento imobiliário conectando compradores com bancos e tem cerca de 600 parcerias com corretores, imobiliárias e incorporadoras. 

Kristian Huber, cofundador e vice-presidente de negócios da Loft, explica ao Estadão que, pela similaridade dos produtos, as empresas trocarão figurinhas para evoluir o produto em conjunto. “Sem dúvida, deve haver coisas que eles fazem melhor. Vamos aprender com eles e eles com a gente”, diz o executivo.

Atalho

Segundo Huber, o México foi identificado como o mercado mais interessante para a Loft depois do Brasil, tendo em vista o tamanho do país e os problemas a serem resolvidos com tecnologia, como anúncios falsos, falta de transparência e assimetria na precificação dos imóveis. Dentro desse plano, a aquisição da TrueHome foi uma maneira de encurtar caminho. 

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“Chegamos a planejar por um bom tempo uma entrada orgânica no México, do zero. Mas, com a aproximação com a TrueHome, fez mais sentido unir forças com uma empresa que já conhece o mercado e está no país há quatro anos”, diz Huber, sinalizando que a empresa também avalia expansão para outros países, mas “nada iminente”.

Na visão de Guilherme Fowler, professor de inovação do Insper, o atalho é uma estratégia esperta. “Até entender a bagunça de um novo mercado, muitas empresas são engolidas pelos concorrentes”, afirma. “Quando a Loft adquire uma empresa local, ela já se insere na rede informal do México”. 

No entanto, apesar da ambição internacional, ainda há espaço para a Loft expandir pelo Brasil – atualmente, a startup está presente apenas nas cidades de São Paulo, Rio Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Para Fowler, o salto de supetão para o México levanta alguns questionamentos sobre o tamanho do mercado brasileiro para a startup. “Se a Loft não chegar ao interior no Brasil, pode ser que seja um modelo que funcione apenas em grandes capitais. Se for esse o caso, a expansão internacional vai ser obrigatória”. 

A Loft afirma que vai fazer as duas coisas ao mesmo tempo. “A oportunidade no Brasil é tão grande que nunca vai ter um momento de parar o crescimento por aqui para olhar para fora", afirma o cofundador da startup. Dinheiro não deve ser o problema: em abril, a empresa fechou um aporte de US$ 525 milhões, o segundo maior já recebido por uma startup latino-americana – o cheque está atrás apenas do Nubank, que levantou US$ 1,15 bilhão em junho

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‘Quiero ser tu mar’

Expandir para o México tem sido um movimento comum entre unicórnios brasileiros. O Nubank, que hoje também opera na Colômbia, começou sua ofensiva internacional em 2019 com um escritório no México. Já o QuintoAndar iniciou operações no país neste ano, após captar US$ 420 milhões. Segundo especialistas, é um caminho natural para as startups brasileiras ganharem corpo no País e passarem a olhar para mercados latino-americanos com problemas semelhantes – nesse processo, serviços com DNA tecnológico facilitam a expansão acelerada. 

O caminho inverso, de startups mexicanas entrando no Brasil, também está acontecendo. A chegada que tem feito mais barulho é a da Kavak, que atua na compra e venda de automóveis seminovos e usados online. A empresa oficializou sua operação no Brasil em julho com um investimento inicial de R$ 2,5 bilhões e, em setembro, aumentou as fichas na expansão internacional após levantar um aporte de US$ 700 milhões. Outros nomes mexicanos como Justo, Valoreo e Casai desembarcaram no Brasil recentemente. 

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