Loggi levanta US$ 150 milhões e vira novo unicórnio brasileiro

Startup de entregas recebeu recursos do SoftBank e da Microsoft; aporte será usado para desenvolver time de tecnologia e realizar entregas no dia seguinte para todo o País

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Por Bruno Capelas e Mariana Lima
Atualização:

O mercado brasileiro de startups tem mais uma empresa avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão (unicórnio, no jargão do ramo): a startup de entregas Loggi. Na manhã desta quarta-feira, 5, a empresa confirmou ter recebido uma nova rodada de investimentos de US$ 150 milhões, liderada pela empresa japonesa SoftBank e pela Microsoft. Fundos estrangeiros, como GGV, Fifth Wall e Velt Partners, também participaram do aporte, que avaliou a empresa em exatamente US$ 1 bilhão. 

"É um marco financeiro que confirma que a Loggi está no caminho certo de reinventar a logística com uso de tecnologia", disse o presidente executivo e cofundador da Loggi, o francês Fabien Mendez, por meio de nota. Os recursos, segundo a startup, serão utilizados pela empresa para desenvolver seu time de pesquisa e desenvolvimento. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 5, a Loggi diz que pretende montar uma equipe com mais de mil funcionários na área de tecnologia – em especial, nas áreas de inteligência artificial e robótica. Ao todo, hoje a empresa tem cerca de 700 pessoas – a maior parte delas trabalha na matriz da empresa, em Barueri, na Grande São Paulo. No futuro, quer chegar a 1,5 mil. 

Após nova rodada de investimentos,Loggi, do fundador Fabien Mendez, atingiu valor de mercado superior a US$ 1 bilhão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Outro objetivo da empresa é promover, para todo o território brasileiro, o que chama de "entrega no dia seguinte" – na qual o usuário faz uma compra pela internet em um dia e recebe o produto no próximo. Hoje, a empresa hoje faz 100 mil entregas diárias no País, único mercado onde atua – em 2017, realizava metade disso. Nos próximos 5 anos, a meta é de chegar a até 5 milhões de entregas diárias, conectando pelo menos 95% do território nacional. Atualmente, consegue enviar entregas a partir de 23 cidades ou macrorregiões brasileiras, com 25 mil entregadores espalhados pelo País. 

Não é a primeira rodada de investimentos feita pelo SoftBank na Loggi – em outubro do ano passado, o Vision Fund, liderado pelo grupo japonês, aportou US$ 100 milhões na startup brasileira. Foi o primeiro investimento da japonesa no País, antes de iniciar o Innovation Fund, que vai aportar US$ 5 bilhões em startups latinas nos próximos anos. Procurada pelo Estado, a SoftBank decidiu não comentar o investimento na brasileira. 

Ao todo, a Loggi já levantou seis rodadas de aportes, cuja soma chega a US$ 295 milhões. Entre os investidores da empresa, há ainda fundos como Monashees, Kaszek Ventures e Qualcomm Ventures. Entre os clientes da empresa, estão grupos como Samsung, Mercado Livre e Dafiti.

Para o empreendedor Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups, o movimento não surpreende – estudos recentes, como este realizado pelo Distrito Fintech, já apontavam a empresa como potencial unicórnio. "É algo que demonstra a força do uso de tecnologia no setor de entregas no Brasil, que ainda tem muito o que crescer", diz Matos. "É o terceiro unicórnio que surge do setor – iFood e Rappi, que é colombiano, mas tem forte presença aqui, também ocupam o espaço das entregas." 

Na visão de Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o investimento mostra que o setor de entregas “está longe de estar saturado” e que a “era dos unicórnios no Brasil só começou”. 

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A empresa nasceu em 2013, depois que o francês Fabien Mendez decidiu se mudar para o Brasil. A inspiração foi a capa da revista The Economist destacando o bom momento do País, com o Cristo Redentor voando alto, feito um foguete. O tom do noticiário pode ter mudado desde então, mas ele não se arrepende. “Um bom empreendedor precisa ter visão a longo prazo e fazer investimentos contracíclicos”, disse ele ao Estado em outubro de 2017. “Se criamos uma empresa bacana em meio a uma crise, como será daqui a dez anos?”

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