Menino boliviano fabrica sua própria mão robótica

Pesquisando sozinho, Leonardo Viscarra, de 14 anos, foi capaz de criar um protótipo de mão robótica com uma impressora 3D

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Por Irene Escudero
Atualização:
O garoto Leonardo Viscarra, de 14 anos, com sua mão robótica Foto: EFE

O menino boliviano Leonardo Viscarra descobriu a tecnologia por acaso ao quebrar um carro de brinquedo. Agora, com uma mistura de curiosidade, paixão e muito trabalho, conseguiu construir sua própria mão robótica com uma impressora 3D.

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"Eu atirei uma pedra e o carro quebrou. Eu o abri e pude ver a placa e os motores", disse o precoce pesquisador, de 14 anos. Quando estava no ventre de sua mãe, a mão esquerda de Leonardo ficou presa na placenta e não pôde se desenvolver totalmente. Foi diagnosticado com o que se conhece como síndrome da banda amniótica.

Sua nova mão, feita de termoplástico, funciona com fios de náilon que captam os movimentos de seu punho e os transmitem a dedos que, segundo admite, não se movimentam perfeitamente.

De fato, não é perfeita, mas com ela pode "pegar copos, frascos... uma variedade de objetos que antes não podia sustentar".

Leonardo começou com uma mão muito precária; uma espécie de pinça que pelo menos lhe servia para agarrar objetos. Depois conseguiu outra já mais mecanizada, mas que não se encaixava tão bem. Não se rendeu. Leonardo se inspirou nesta prótese "para construir outra", desta vez feita por ele mesmo e personalizada a suas medidas.

Quando tinha o design, que tirou da internet, procurou o Instituto de Robótica Sawers, na cidade de Cochabamba, onde vive, e ali ajudaram-no a torná-la real.

Com uma impressora 3D, imprimiram quase toda esta nova mão e, com ajuda de seus professores e pais, Leonardo uniu todas as peças e a articulou com os fios e cordas de náilon.

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O menino conseguiu sua prótese por menos de US$ 100, enquanto as prótese biônicas vendidas pelas empresas podem chegar a custar US$ 15 mil.

Leonardo contou que pôde testar uma dessas mãos quando esteve na cidade de Santa Cruz, que era um modelo com sensores que se conectavam aos músculos pelas mãos e reagia a seus movimentos com grande precisão.

Agora é comum que outras crianças lhe peçam conselhos, e ele lhes recomenda outros modelos porque a que ele usa em seu dia a dia é um protótipo que ainda não conseguiu a precisão e a força que ele gostaria.

Por outro lado, sua mão não é a única que construiu, já que pôde reproduzi-la em uma nova prótese, desta vez para uma menina de sete anos.

Leonardo lhe tomou as medidas para que não acontecesse o que ocorreu com ele com sua primeira mão robótica americana e a pintou de rosa com estrelas "para que a menina se sentisse mais confortável".

É o começo de sua carreira, na qual não vai faltar paixão para inventar, criar e investigar. No colégio, tanto seus professores como seus companheiros de classe o apoiam e tentam ajudar e dar ideias para suas criações.

"Eu gostaria de estudar Biomedicina, que é uma profissão que me interessa muito porque já estou envolvido com isso, que é fazer próteses robóticas", disse este jovem gênio. 

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