Mirando lojistas 'invisíveis', startup DoLado levanta US$ 10 milhões

Empresa digitaliza catálogos e faz entregas de produtos do esquete de comerciantes de bairro, reduzindo custos e otimizando tempo

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Por Guilherme Guerra
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Com foco no que chama de os “invisíveis do varejo”, isto é, os pequenos lojistas de bairro, a startup DoLado anuncia nesta quarta-feira, 6, que levantou a primeira rodada de investimento formal da companhia, de US$ 10 milhões, do tipo série A. O cheque foi liderado pelo fundo Valor Capital, seguido por Flourish (Grupo Omidyar Network), GFC, Clocktower Ventures, IDB (em estreia em investimentos no Brasil) e Endeavor.

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Nessa etapa de crescimento, a companhia espera ganhar escala. Nascida em março de 2020, quando foi iniciada a pandemia de covid-19, a DoLado começou digitalizando o estoque dos lojistas que haviam fechado as portas. Todo o gerenciamento dos produtos em prateleira é feito por meio de plataforma, que pode ser acessada por computador ou celular, o que permite reduzir tempos de viagens a atacados e fornecedores.

“Foi um produto desenhado pela necessidade do momento. Nunca esteve nos nossos planos fazer esse catálogo digital”, explica ao Estadão Khalil Yassine, que atua como diretor operacional da DoLado, fundada por ele e os sócios Guilherme Freire e Marcelo Loureiro. Yassine explica que o cliente “beta” da startup foi o próprio pai, comerciante que havia fechado as portas no bairro de Lauzane Paulista, na Zona Norte da cidade de São Paulo, por conta da chegada da pandemia. Por boca a boca, a startup viu o seu serviço ganhar o gosto dos lojistas que tentavam contornar os desafios recém-impostos. Hoje, são 20 mil clientes ao todo e a meta é somar 100 mil até o fim de 2022.

Da esq. para dir., Marcelo Loureiro, Guilherme Freiree Khalil Yassine são cofundadores da DoLado, startup de digitalização de pequenos lojistas Foto: Paulo Vitale/DoLado

Em 2021, a DoLado investiu em uma nova área: reposição de estoques para lojistas de acessórios para celulares e de informática (como ringlights, capinhas de smartphones e mouses, por exemplo), atuando como plataforma de marketplace entre os compradores e fornecedores. Com o novo cheque, a startup pretende ampliar os nichos em que atende, mas não dá detalhes sobre em quais áreas deve entrar. Atualmente, ela faz entregas em até 3 dias para todo o Brasil - a logística é feita por meio de parceiros selecionados.

Para o segundo semestre deste ano, além de continuar com a expansão do serviço, o plano da DoLado é entrar na área de gestão financeira dos comerciantes, criando um score único a partir de dados coletados das informações de estocagem de produtos. Com isso em mãos, a startup pretende buscar parcerias com bancos e “fintechs” (startups de finanças) para oferecer crédito a esses lojistas.

Vendas qualificadas

Para buscar novos lojistas, a DoLado aposta na contratação de “analistas de relacionamento”, que funcionam como gerentes de vendas e pós-vendas na digitalização desses comerciantes. Além de pescar os lojistas em potencial de bairro em bairro, esses profissionais também têm a função de ensinar a mexer na plataforma e a receber feedback dos produtos.

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Segundo a DoLado, esses profissionais são contratados no regime CLT, e não como prestadores de serviço — algo incomum para startups, que buscam evitar criar relações trabalhistas para enxugar custos, como iFood, por exemplo. Com salário fixo e possibilidade de comissionamento por comerciante “fisgado”, esses vendedores tendem a ter experiência com vendas e, principalmente, a conhecer a região em que atuam. Hoje, a DoLado possui, entre esses analistas, 100 funcionários, com meta para dobrar o número até o fim do ano.

“Fizemos testes, chamando celetistas e não-celetistas. Mas vimos que as pessoas contratadas tinham melhor desempenho, porque o colaborador fica mais engajado com o crescimento da empresa”, explica Yassine. “É um valor implícito que não fica claro nos números.”

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