
Camila Farani
Momento atual das startups exige reinvenção
Empreendedores não terão recursos fáceis, obrigando eficiência nos negócios
27/07/2022 | 05h00
Por Camila Farani - O Estado de S. Paulo
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Camila, quando o cenário vai melhorar para as startups?
Essa é uma das perguntas que eu mais tenho escutado dos empreendedores nos últimos meses. É fácil entender. Vínhamos de um período de muito otimismo, com recordes de investimentos de risco no mundo e no Brasil em 2021. Muito capital disponível, empresas captando e crescendo rapidamente, alta velocidade nas contratações, novos “unicórnios” surgindo, empreendedores ganhando relevância.
Foi empolgante porque, de fato, o empreendedorismo mexe com a gente. Apostar em um sonho, construir uma empresa, entregar um produto ou serviço que resolva uma dor da sociedade é uma jornada desafiadora, mas muito bonita também. E ver esse negócio escalar a partir dos aportes dos investidores de risco leva esse sonho, de fato, a outra dimensão.
Camila Farani: 'Não é hora de pânico, muito pelo contrário'
Mas agora é a hora de entender que o cenário mudou. No primeiro semestre de 2022, as startups brasileiras captaram US$ 2,92 bilhões – contra US$ 5,26 bilhões no ano passado, segundo dados da Distrito. No mundo, a atividade de negócios caiu 23% do primeiro para o segundo trimestre.
Guerra na Ucrânia ainda ativa, inflação, alta de juros. Os investidores seguem capitalizados, mas também mais cautelosos nos aportes.
Isso significa que os empreendedores não terão recursos fáceis, o que os obriga a exercer a habilidade de manter o caixa e a eficiência e a dosar bem a estratégia de demissões e contratações.
Não é hora de pânico, muito pelo contrário. É de cenários como esses que as empresas que fizerem a lição de casa sairão ainda mais fortes. Provavelmente daqui alguns anos, olharemos para negócios importantes que surgiram nesse período ou que deram uma guinada na direção de um crescimento exponencial. Por quê? Cenários nebulosos exigem um senso de urgência em pensar estratégias vencedoras que poderão dar novos rumos ao negócio; O foco de todos passa a ser criar caminhos para manter a eficiência e a sustentabilidade.
É como na nossa vida. Abalos sísmicos nos abrigam a adotar uma perspectiva diferente. Não podemos perder o hábito de olhar e refletir constantemente sobre o que e porque estamos fazendo algo.
Já quando o cenário é mais suave, é comum entrarmos no “piloto automático”.
Voltando à pergunta inicial: quando o cenário vai melhorar para as startups? Não sabemos ao certo, portanto, foque em se preparar para que essa jornada lhe impulsione para achar soluções vencedoras. O futuro não está pronto, ele precisa ser desbravado.
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