Neon compra startup MEI Fácil de olho em microempreendedor

Aquisição posiciona fintech para atender o mercado de pessoas jurídicas no País; com operação, empresa de Pedro Conrade chega a 530 pessoas, o triplo do que tinha em abril

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Por Bruno Capelas
Atualização:

A fintech brasileira Neon, conhecida por oferecer uma conta digital, anuncia nesta terça-feira, 17, a aquisição da startup MEI Fácil, especializada em serviços para microempreendedores individuais. Com a negociação, que não teve valor revelado, a empresa liderada por Pedro Conrade dá mais um passo na expansão de suas operações. Nos últimos meses, lançou um serviço de conta para pessoas jurídicas, cartão de crédito em parceria com a Visa e testa ainda uma frente de crédito pessoal. 

“Foi uma combinação natural: nós estávamos de olho no mercado de microempreendedores e o pessoal da MEI Fácil estava começando a fazer os serviços financeiros na plataforma deles”, explica Conrade, em entrevista exclusiva ao Estado. Fundada em 2017, em São Paulo, a MEI Fácil “acompanha o microempreendedor em sua jornada”, conta Marcelo Moraes, fundador da empresa. A startup ajuda o usuário a obter um CNPJ, emitir nota fiscal, pagar guias de impostos e tem ainda serviços de educação financeira e emissão de boletos, por exemplo. 

Marcelo Moraes e Pedro Conrade, agora juntos na Neon: liderança sob time de 530 funcionários Foto: JF Diorio/Estadão

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A transação foi feita em duas partes: o Neon pagou em dinheiro aos investidores iniciais da MEI Fácil e em ações para os fundadores da companhia. Com a fusão, a Neon passa a ter 530 funcionários – praticamente o triplo do que possuía em abril, quando tinha 180 pessoas. Quem já usava os serviços da MEI Fácil, fundada em São Paulo em 2017, passará a contar com serviços financeiros da Neon, de forma gradual – por enquanto os dois aplicativos seguem funcionando de forma independente, mas uma integração já está sendo estudada. Ao todo, a fintech chega agora a 3,3 milhões de contas abertas e 1,6 milhões de clientes ativos – o número identifica aqueles que têm saldo em conta ou fizeram algum tipo de movimentação bancária nos últimos 90 dias. 

Além de herdar a carteira de clientes da MEI Fácil, Conrade aposta em dois públicos de grande potencial: os empreendedores que já se formalizaram, mas não são bem atendidos pelos grandes bancos, e aqueles que ainda estão na informalidade. “É uma tarefa difícil. O MEI foi criado para desburocratizar e ainda assim é complicado. Queremos resolver isso”, diz o fundador da Neon. Hoje, há 8,95 milhões de microempreendedores individuais no País, segundo dados do Governo Federal – mais de 10% deles, diz a empresa, já eram atendidos pela MEI Fácil. “É um público que tem que pegar na mão e estamos aqui para isso”, explica Conrade. 

Fundada em 2016 por Conrade, que antes possuía uma startup de meios de pagamento, a Controly, a Neon não cobra tarifas para manutenção ou abertura de conta, seja para pessoas físicas ou jurídicas. A empresa fatura com a cobrança de tarifas para movimentações como transferências bancárias ou, no caso de clientes corporativos, emissão de boletos bancários. Já a MEI Fácil faturava com serviços financeiros, mas, segundo conta o fundador Moraes, “ainda era algo incipiente”. “Agora, com a Neon temos muito mais potencial de crescimento.” 

Em 2018, a Neon passou por uma crise: viu seu parceiro bancário, o Banco Neon (antigo Banco Pottencial) ser liquidado pelo Banco Central. Como o nome das duas empresas era o mesmo, a startup se viu em uma crise de imagem. Em menos de três dias, porém, a empresa conseguiu um novo parceiro – o Banco Votorantim –, que segue fazendo a administração dos recursos dos correntistas. De lá para cá, a fintech cresceu bastante: saltou de 600 mil contas abertas para 3,3 milhões (o número considera cadastros efetuados até o final, mas inclui também contas inativas neste momento). 

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